A Música Segundo o Filósofo

Candeia

Artista com A maiúsculo. Esse foi Candeia. Arista diferenciado, singular e letrista de mão cheia, faz poesia em forma de música. Não se vê um candeia por aí na esquina, não se nasce todo dia, um como ele.

Antônio Candeia filho, seu nome de batismo. Investigador da policia civil por profissão. Sambista de corpo e alma. Veio ao mundo em 1935 em Oswaldo Cruz, mesmo bairro onde foi fundado a sua escola do coração, a Portela. E por falar em Portela, junto com outros compositores, músicos e sambistas que fundou a escola. Aos 17 anos em parceria com Altair Prego, desbanca Manacéa e vence sua primeira disputa de samba na Portela. Não foi a única vez. Candeia venceu as disputas de 1955, 56,  57,59 e 65.

No inicio da década de 60, Candeia ingressa na policia civil, mas não abandona a música. Junto de compositores do quilate de Casquinha e Picolino, dirigiu o conjunto Mensageiros do samba, que iniciaram suas apresentações no lendário bar Zicartola e lançaram um LP em 1964.

Mensageiros do Samba

Mas a vida tem suas surpresas. Sua carreira na policia, não terminou bem. Em Dezembro de 1965, ao se envolver em uma batida de trânsito, acabou sendo alvejado por um motorista, que lhe desferiu cinco tiros. O resultado disso, Candeia perdeu os movimentos das pernas.

Por um período, Candeia entrou em depressão. Ficou arredio e não quis que ninguém lhe visse de cadeiras de rodas. No fim da década de 60, alguns amigos foram lhe visitar. Bretas, Mazinho e Martinho da Vila,  foram especiais nesse momento.

Sua música cresce, vai ganhando vida, qualidade, sua poesia mostra-se que pode atingir qualquer um. A partir da década de 70, volta com tudo e lança um LP, intitulado como seu nome. E foram lançados outros discos, ao longo da década. Mas não só na música, Candeia ficou. Junto com Isnard Araujo, escreveu o livro “Escolas de Samba-Arvore que esqueceu a  raiz”

Em 1978, ainda gravando o álbum Axé, não deu tempo de gravar as vozes finais. De forma súbita, o compositor foi internado no dia 16 de Novembro de 1978 e veio a falecer vitima de uma parada cardíaca.

Foi-se o artista, fica a sua obra eternizada. Candeia foi à frente do seu  tempo e sua música é atemporal.


Candeia (1970)

Candeia, Samba de roda  (1975)


Candeia, Luz da inspiração (1977)

Candeia, Axé - Gente amiga do samba  (1978)


Daniel Filósofo 


Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista Também escreve suas crônicas dominicais na coluna do Daniel Filósofo.

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