ARTE E CULTURA

 

SandTeca, um sonho de lugar!

Um homem e um sonho, um sonho e um homem, o resultado: Sandman e uma gibiteca, aliás SandTeca. A cidade de Guaramiranga no Ceará  desde setembro começou a contar com um lugar muito especial, que além de lazer, proporcionara o surgimento de novos leitores e fará a alegria de jovens e adultos que são apaixonados pelas histórias em quadrinhos e seus derivados.

A SandTeca é um daqueles lugares que toda a cidade deveria contar, pois pode servir de apoio lúdico e pedagógico a comunidade escolar, ajudando no processo do incentivo a leitura, do "aprender a ler com prazer". Também servirá como local de encontro do povo geek/nerd e visitação de turistas, aumentando assim os atrativos que uma cidade pode oferecer.

Nós do Arte e Cultura fomos falar com Sandman o responsável por este sonho de lugar, confiram:

SANDMAN

JORGINHO: Qual a identidade secreta do do  Sandman? 

SANDMAN: Sonho é uma manifestação antropomórfica, ou seja, um aspecto humano. Não existe uma Identidade Secreta dessa manifestação. Nome característico dado ao Senhor dos Sonhos é Morpheus. O substantivo Sandman é advindo das dezenas e dezenas de anos de curiosidades de seu captor e descendentes (filho, neto, bisneto...) que não conhecia qual a identidade capturada e atribuíram Sandman por causa de uma sacola de areia que carregava. Daí o chamavam de Homem de Areia.

Sou Fabiano de Almeida,  professor, artista plástico, fotógrafo, colecionador de gibis desde final dos anos 70. 

JORGINHO: Como as HQs entraram em sua vida?

SANDMAN: Uma vez me deram uma HQ dos Postos Shell, que era distribuída gratuitamente mediante o abastecimento do carro. Achei maravilhosa, apesar de ser em preto e branco, a ideia de ver aqueles "bonecos" voando, soltando raios, etc, me deixou apaixonado. Daí comecei a guardar tudo o que se referia aos personagens, não importava de onde fosse. Com a vinda de séries como Homem-Aranha, Hulk, Mulher Maravilha, Batman e Superman (década de 70), fiquei mais familiarizado. No início dos anos 80, alguns personagens de 2º Escalão estavam migrando para a Editora Abril. Alguns anos depois vieram os demais e a Abril fechou com todos. Eu fiz a assinatura de ambos (Marvel e DC) e passei muitos anos até que a assinatura não seria mais comercializada. Cheguei a desenhar cerca de 300 hqs, mas tudo bem simples.

JORGINHO: Quais às suas  maiores paixões nos quadrinhos? 

SANDMAN: O Hulk foi um dos primeiros a me "apaixonar". Eu brincava no quintal de casa quando o seriado passava na TV, aos domingos. Levava algumas roupas velhas e "rasgava" quando me transformava no personagem. Uma viagem fantasiosa muito bacana. Diversão de verdade sem internet, TV colorida, videogame... Com as coleções, fui classificando por arte, porque eu desenhava bem e John Buscema foi o artista que mais me inspirou, principalmente quando ele foi "emprestado" por Stan Lee e, em seguida, deu continuidade no título. Outros artistas na minha Lista Top: Frank Miller, Alan Moore (eu o conheci pessoalmente), John Byrne, George Perez, Alfredo Alcala, Alexs Ross, a dupla inesquecível Stan Lee e Jack Rei Kirby e algumas menções muito honrosas como Michael Brian Bendis e alguns europeus. As Obras da minha lista: Cavaleiro das Trevas e A Queda de Murdock (Miller), Watchmen (Moore), Maus, Leões de Bagdá, Sandman (2º Encadernado, de Gaiman), Guerras Secretas (década de 80)... Etc.

JORGINHO: Como surgiu a ideia de uma Gibiteca?

SANDMAN: A ideia de fazer uma Gibiteca já vem há anos. Uns dez, pelo menos. Mas a questão de arranjar espaço não era fácil de resolver. Quando o Cartório da cidade foi realocado pro centro do município, Eu fiquei (herdei) com o ambiente, com as salas, banheiro, almoxarifado e estantes de mármore. Foram doze meses de trabalho e muito dinheiro investido em qualidade e segurança. O nome Sandteca vem do meu nickname no meio desse Universo da 9ª Arte na Internet. Hoje está aberta ao público para visitação, aos sábados com filmes para as crianças com pipoca de graça, quadro negro para desenhar, tablets, quadro mágico, brinquedos... Tudo para melhor recepcionar essa turminha de futuro promissor.

JORGINHO: Quantos itens ela tem, como funciona ? 

SANDMAN: Sobre itens, posso dizer que tem cerca de 20 mil hqs (formatinhos, encadernados, capa dura, americano, omnibus, minisséries, etc e etc), actions figures de animes e heróis diversos, carrinhos de metal, Quadro Negro para giz, Tablets, quadro mágico, tinta, pincel, sala de cinema (projetos, caixa de som e telão), suvenirs para comprarem de lembrança (bonés, blusas, travesseiros, chaveiros...), martelo do Thor, Escudo do Capitão (tamanhos naturais), armadura da Mulher Maravilha, Cosplay de Jason Voorhees, do Michael Meyes e outros, Guitarras e revólveres (de videogames), câmeras, placas de informações, espada original (pendurada e longe de crianças), Aquecedor, climatizador, relógio de parede e geladeira costumizados, banheiro ornamentado com a 9ª Arte e muito mais. As visitas na semana devem ser agendadas e indicar o número de pessoas / crianças. A sala de cinema comporta de 12 a 15 crianças. Pode ser alugada para festas de aniversários e reuniões, etc.

JORGINHO: Como você vê a interação do público com a SandTeca? 

SANDMAN: Como está com um mês de funcionamento, os primeiros dias foram bons. Algumas crianças vieram e gostaram bastante do ambiente. Poucas assistiram aos filmes, pois se concentravam muito em desenhar no quadro de giz, mexer na lousa mágica e brincar com o João Teimoso. Como foi em período de provas escolares, apenas uma visita ocorreu em setembro, e foi de uma sala de creche. Mas de outubro em diante, a agenda estará aberta e as escolas já estão preparando datas.

JORGINHO: Como você vê o momento dos quadrinhos no Brasil e no mundo?

SANDMAN: Os anos 80 foram o melhor momento para os quadrinhos. Isso não tira o mérito das publicações diversas para todos os gostos e gastos, assim você tenha grana e coragem. Panini, por exemplo, publica 80 a 90% do material passado e em diversas formas. Isso traz a garotada, é interessante. Tem gosto pra todos. Já as publicações brasileiras ainda estão engatinhando no mercado. Infelizmente grandes empresas não dão apoio para tantos personagens que agradariam ao público, eles submetem-se às catarses e, por falta desse apoio, tem que esperar um período pra arrecadação e depois a publicação. Ainda tem o valor que sai muito caro, bem acima do valor comparado à Panini e, principalmente aos valores da Amazon, que detona qualquer concorrência. Sou um fã de publicações nacionais, mas tudo isso precisa ser revisto.

JORGINHO: Quais os planos para o futuro da SandTeca?

SANDMAN: Eu espero entrar em contato com a Prefeitura local, hotéis e pousadas pra ver a possibilidade de um vínculo com as escolas e turistas, para que se torne um ponto turístico. Essa ideia foi repassada para alguns vereadores e vou esperar o próximo ano para ver se vai se concretizar. Seria uma parte da escola, um local diferente onde instrutores e alunos podem se divertir.

JORGINHO: Deixe seu recado para o leitor do Arte e Cultura

SANDMAN:  A 9ª Arte é um Universo tão fabuloso que fazemos viagens fora do cotidiano e nos sentimos bem. É um banquete pra todos, desde crianças, adultos e idosos. É preciso entrar sem medo de ser feliz. A porta está aberta. O limite é seu em um universo sem limites.

SANDTECA

Biblioteca de Gibis

Localização:

Rua Raimundo Valmir Almeida, 59

B. Manoel Castro Filho

Guaramiranga, Ceará

62766 000

INSTA: AQUI

"A porta está aberta. O limite é seu em um universo sem limites."
- Sandman

Jorginho

Jorginho é Pedagogo, Filósofo, graduando em Artes, com pós graduação em Artes na Educação Infantil, ilustrador com trabalhos publicados no Brasil e exterior, é agitador cultural, um dos membros fundadores do ColetiveArts, editor do site Coletive em Movimento, produtor do podcast Coletive Som - A voz da arte, já foi curador de exposições físicas e virtuais, organizou eventos geeks/nerds, é apaixonado por quadrinhos, literatura, rock n' rol e cinema. É ativista pela Doação de Órgãos e luta contra a Alienação Parental.

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."

- Ricardo Mendes

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