Em uma pacata cidade de Interior, uma vez ao ano tem a tão esperada festa das máscaras que dura por três dias e três noites, e seus íntimos pecados são refletidos em suas máscaras e vestuários.
O guarda da cidade, ele usa uma máscara de criança por ser um adulto infantil.O padre usa uma máscara de bode, por fazer parte de grupos secretos. A irmã Carmen usa máscara e roupa de couro, igual a uma tarada sexua,l porque ela é reprimida pela igreja e na festa ela liberta seus desejos mais ocultos. O filho da professora Lúcia usa uma máscara de anjo, quando que na verdade ele é um encrenqueiro nada santo.A filha do pastor, usa uma máscara feita de preservativos usados, para demonstrar seu fogo no rabo. O prefeito Euclides usa uma máscara de um homem conservador, mas quem vê por trás da máscara, consegue enxergar bem os vários alfinetes sustentando a sua mentira. E por fim os trabalhadores da fábrica, que são obrigados a usarem a máscara da vergonha, com cara de palhaço como uma piada interna do chefe, e os funcionários não sabem o motivo, apenas a usam.
As músicas e as danças são envolventes, e no início é até agradável, mas quando começa a esquentar, ninguém pode ficar parado e quem desobedece essa regra é castigado, é levado ao ridículo e seus podres sociais são revelados, poucos afrontaram as regras e quem aguentou até o último momento no fim, acabou de tirar sua própria existência por profundo sentimento de vergonha perante a sociedade. A música é alta e barulhenta quase ninguém consegue ouvir os outros, a pista de dança até parece uma zona de tortura, só quem organiza o evento realmente gosta, porque ele ou ela, ninguém realmente sabe quem é, o que reuni tantos hipócritas em uma festa dos pecados oprimidos, por isso mesmo os segredos de todas as pessoas.
E ele que usa uma sutil maquiagem de fantoche, inspirado no Pinóquio, como um ser que quando mente cresce o nariz e quando eles mentem o som do dinheiro é soado na minha mão, e todos querem saber quem sou e com quem converso, tentando descobrir algo contra o Pinóquio. Em todos lugares do salão tem espelhos para que os convidados olharem bem lá no fundo, e confrontarem as suas maçãs belas por fora, e podres por seu interior. E quando são provados as bebidas exuberantes e coloridas, o álcool faz seu trabalho e liberta os seus desejos mais ocultos, com o ritmo das batidas constantes e cada vez mais envolventes, tornando essa festa tão especial e aclamada por seus realizadores que ficam no anonimato pleno, e que são os regentes sem face e sem nome. São verdadeiros mestres, ninguém nunca os viu ou quem viu, nunca conseguiu contar.
As lâmpadas são banhadas a sangue para manter um clima encantado e misterioso, o ar é frio, leve e sedutor, as vozes se misturam umas nas outras formando um enorme emaranhado de conversas. No início ninguém entende quase nada, mas as bebidas coloridas clareavam aos poucos, era quase mágico e depois de poucas doses todos compreendiam russo, entendiam inglês, alemão, francês, chinês e português. No fim todos conversavam normalmente de igual pra igual, como uma única língua mãe, o álcool entrava cada vez mais por baixo de sua pele e exalava sexo, a devassidão e o prazer. E o desejo vibrava para fora, e entrava pela boca com um beijo forte, que arrepiava quando os lábios se tocavam com a euforia do álcool, que se é consumido cada vez mais a todo momento. Mas na verdade não havia álcool algum, mas existia esse desejo animal nas pessoas, bem antes da festa foram induzidas a pensar que era as bebidas coloridas e fluorescentes que no escuro brilhavam, era obra de arte em drinks lúdicos que ganhavam vida própria. Até conseguiam ver quando fixavam o olhar sem piscar, mas não era álcool eram pior, eram drogas psicotrópicas extraídas das raízes e cogumelos e todos pecados dos convidados, que são lavados e a sujeira é extraída em frascos, pingando gota a gota os pecados que por fim são engarrafados. Com esse líquido negro e de cheiro forte , são enterrados os frascos, que ficam por anos fermentado até criarem liga, e quando atingem o ponto específico e desejado, são vendidos para quem pagar mais por esse elixir que rejuvenesce por completo, trazendo quase vida eterna para quem usa, e o preço para conseguir usar, é que você perde o senso de moral e se torna uma pessoa cruel sem princípios morais.
Essas festas das máscaras são feitas só para absorver os pecados dos moradores dessa cidade pequena, a cidade dos hipócritas, com suas máscaras nojentas e pervertidas.
Samurio |
1 Comentários
Bem escrito
ResponderExcluirhistória envolvente
E flui bem