NAVALHAS AO VENTO

 VIAGENS DE UBER

Sou viciada no aplicativo Uber e o motivo é apenas um: a falta de transporte público em Gravataí que tem apenas a SOGIL monopolizando. E tenho várias histórias para contar. Tem motorista muito simpático de tem outros que me tiram do sério.

Mal abri a porta do carro que me levaria para casa e mesmo antes de estar acomodada no banco, estava naquela situação de uma perna para dentro, outra para fora; meia bunda para dentro, meia bunda para fora e o motorista já inicia a conversa.

- Bom dia, senhora. Aqui neste carro ninguém paga corrida.

- Oi? Sim, o cartão é debitado automático.

- Não, senhora. Não cobro corrida. A senhora só pagará o couvert artístico.

Daí é que não entendi mesmo. Mas logo em seguida ficou claro.

- Na cidade só tem duas pessoas com meu nome: um é médico e o outro sou eu, motora de carro de aplicativo.

E começou a contar piadas e causos enquanto eu dava gargalhada.

- Senhora, eu só inicio o show quando vejo que a pessoa aceita e já fiz corrida para a senhora.

Viemos dando boas risadas. Dei nota máxima e fiz um comentário muito bom no APP. É muito gratificante fazer uma corrida com um motorista que gosta do que faz, que gosta do trabalho e do público.

- A vida já é tão séria, para que transformar o dia num tormento? Eu tenho que trabalhar, então faço com que seja uma alegria.

Lembrei de quando eu trabalhava com público e concordei com ele.

Quando chegamos ele ficou por alguns minutos lendo uma pequena lista de nomes estranhos que ele atendeu como Uber. Daí eu perguntei?

- Meu nome será incluído nesta lista?

Com um sorriso maroto ele respondeu:

- Posso?

Claro que pode, Levi. Bom trabalho para ti.

Isab-El Cristina

Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras, é Diretora Cultural do ColetiveArts.

Escute o episódio do podcast Coletive Som gravado com Isab-El , clicando Aqui.

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."

- Ricardo Mendes

COLETIVEARTS, 06 ANOS DE VIDA,

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