DANIEL FILÓSOFO

 Um menino chamado Beija-Flor

Nilópolis é um bairro aprazível localizado na baixada fluminense. Não é um bairro populoso como Caxias e Nova Iguaçu, bairros também pertencentes a baixada. Para os moradores de Nilópolis, o bairro é a  princesinha da baixada.

Uma coisa que o povo de Nilópolis se orgulha é a Beija-Flor, tradicional escola de samba do Rio, é a alegria da cidade. Dez entre dez moradores batem no peito e defende a escola, como se fosse realmente sua. E não deixa de ser, a escola sempre foi fiel a comunidade.

Numa vila de casas na Av. Mirandela, rua mais conhecida do bairro por ter a sua tradicional feira no Domingo, dentre outros comércios, morava Zilda e seu único filho,Pedro. Mãe solteira, Zilda fazia das tripas o coração para manter a casa de pé e sustentar ela e o seu único rebento. Era cozinheira numa pensão na Mirandela, um lugar bem agradável para se comer. E para complementar a renda, era costureira  da Beija-Flor.

Pedro já era um garoto estudioso. Leitor voraz, consumia livros com uma fome , igual ao ver um prato de comida. Planejava ser escritor ou compositor, ou talvez exercesse os dois oficios. Enquanto era só um estudante, Pedrinho para ajudar em casa, fazia de tudo um pouco para ganhar um troco. Ajudava as velhinhas a carregarem as bolsas pesadas do mercado, lavava o carro de algum vizinho, trabalhava em alguma barraca na feira de domingo. Mas sempre com foco nos estudos, isso era exigência da sua mãe. E o garoto fazia isso com gosto.

Num desses encontros inusitados da vida, Zilda encontra Neguinho da Beija-Flor na pensão que ela trabalhava.Veio naquele dia na quadra da escola, resolver algumas coisas e passou por ali para almoçar. Adorou a comida e quis conhecer quem fez a refeição.Zilda se apresentou e abriu  um sorriso ao ver quem era. Torcedora da escola de  samba, parabenizou o cantor pelo seu último trabalho e falou do sonho filho em ser compositor. Neguinho achou curioso um menino desejar ser compositor. Mandou Zilda levar o garoto um dia desses na quadra.

A boa mãe chegou em casa com a novidade para contar ao seu querido filho. Por alguma coincidência da vida, o moleque num desses dias inspirado pelos deuses da música, estava  escrevendo um samba enredo. Zilda chegou, beijou o menino e perguntou o que ele estava escrevendo.Pedro prontamente respondeu que era um samba que veio num desses rompantes, e que uma dia pretendia apresentar a alguma ala de compositores de qualquer escola de samba.

Nesse momento desce uma lágrima dos olhos de Zilda e ela conta quem ela conheceu no trabalho. Ela disse que teve o prazer de ser elogiada pelo Neguinho da Beija-Flor e conversaram um pouco. E ela ainda fez uma boa propaganda do filhote, dizendo que o menino tinha vontade de ser escritor e compositor e que o interprete ficou surpreso  com isso e ficou curioso em o conhece-lo.

Zilda e Pedro foram rumo a escola num domingo de feijoada ao encontro de Neguinho, para o cantor matar a curiosidade sobre o jovem talento. Pedro estava numa expectativa enorme para conhecer o cantor e mostrar a composição feita. Achava que tinha feito algo grandioso, mas seria pretensioso demais falar que fez um grande  samba.

Neguinho avistou os dois e abriu seu sorriso peculiar, deu um abraço forte no garoto e começou a conversar com o pequeno compositor. Pedro sacou do bolso o papel com a composição e pediu para o veterano cantor ler e dizer com sinceridade o que achava.Neguinho achou genial e ficou maravilhado com o talento do jovem. Deu os merecidos parabéns e aconselhou o menino de todas as formas. E ficou de levar a composição a ala de compositores da escola. No período da disputa do samba enredo, Pedro, infelizmente não foi vencedor da disputa com o seu belo samba. Por mais belo que seja, o fato de ser um novato pesou na escolha. Mas como Neguinho estava na escolha de repertório de um novo disco, pediu autorização do garoto para incluir a sua composição no álbum. Pedro prontamente aceitou e daí por diante, começou a  escrever músicas com afinco.


Daniel Filósofo

Daniel Filósofo é cronista, jornalista, profundo conhecedor de rock'n'roll, torcedor do Fluminense e radialista. Também escreve a coluna "A música segundo o Filósofo".


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- Ricardo Mendes

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