BERLIM
Uma caricatura política da morte

Para leitores novos, a palavra “Berlim” pode parecer estranha; para os mais atentos, saberão que se trata de um local da Alemanha. Para os mais velhos, rapidamente vêm à cabeça os dramas de Guerras ocorridos no início e meados do Século XX.
Mais de 20 anos se dedicando à esta obra, o autor Jason Lutes lançou uma formidável história com dramaticidade e realismo a respeito do nazismo, desde sua ascensão até seu auge numa das cidades mais admiráveis ne prósperas da Alemanha.
Mostra-se um pouco de tudo para que a trama siga seu rumo, passando pelos cabarés, vida noturna, os artistas, os pensadores de esquerda, os confrontos entre nazistas e comunistas nas ruas e, gradativamente (preocupante) tudo se transformando em violência gratuita e brutalidade fascista, ocasionando a queda da República.

As histórias, no período entre 1918 e 1933, são mostradas pela ótica dos personagens e em seguida se cruzam. Alguns com receio do que pode ocorrer se entrarem em conflito, outros sem saber do que se trata e demais encorajando aos amigos e parentes para lutarem contra o regime nazista de Hitler.
No decorrer do conhecimento dos personagens, até transparece o retrato da política fascista ocorrida no período do ex-governante do Brasil de 2019 à 2022, quando as pessoas se revelavam, mostravam o (mau)caráter, fosse pobre ou rico, seu vizinho, seus amigos de infância, familiares... Uma crescente decepção de tanta gente seguindo o absurdo, compactuando com a tortura psicológica, emanando medo e fome, principalmente na Região Nordeste.

O autor foi detalhista ao criar o ambiente e os personagens, trazendo vários fatores socioculturais, sociais e políticas da cidade. Mesmo com a derrota da Alemanha na 1ª Guerra, internamente o pensamento continuava o mesmo: correntes políticas foram feitas e o fascismo não deixou de existir, nem mesmo quando o Nazismo perdeu força após o massacre de dezenas de manifestantes comunistas em 1929, sendo agredidos e mortos pela polícia de Berlim. O sentimento antissemita foi reforçado pela propaganda nazista, indicando que os judeus eram os culpados pela miséria alemã, junto com um discurso de ódio, a população demonstrava intolerância praticando violência, como depredação de lojas, boicote nas compras e vendas e, na maioria das vezes, morte.
Uma obra indispensável para colecionadores exigentes, com personagens cativantes. Um documento histórico para filhos e netos e que deveria, normalmente, estar nas bibliotecas de todas as Escolas e estudada em salas de aula.

A arte é boa, limpa, sem ter que se esforçar nos detalhes, uma forma híbrida de tradicional e cartunesca. Mas o que mais me impressionou é o quanto Berlim caiu como uma luva a respeito do que ocorreu no Brasil, essa separação de ideologias, o racismo, homofobia, xenofobia, o desastre de um governante preconceituoso e machista, deixando um país cair em expectativa de vida, um governante negacionista e demagogo, usando “deus” como carro chefe pra enganar religiosos cristãos e com a frase “deus acima de tudo e Brasil acima de todos”.
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