NAVALHAS AO VENTO

 VERMELHO FEITO BRASA

Uma pequena parcela da população brasileira adora vociferar “minha bandeira jamais será vermelha”. Pois esse povo deveria estudar um pouquinho e teria vergonha de defender o verde e amarelo.

Aprendemos na escola que o verde representa as matas e o amarelo representa o ouro do Brasil, mas isso foi apenas um meio de esconder a triste realidade. Na verdade o verde remete à Casa de Bragança (família real portuguesa) e o amarelo à Casa de Habsburgo (família da imperatriz Leopoldina, Áustria) e são uma referência à bandeira do Império. Com total submissão, para criar a bandeira do Brasil apenas colocaram uma bolinha branca e estrelada no centro do amarelo. Deve ser por isso que até hoje temos a “síndrome do cachorro vira-lata” que admira tudo o que é de fora e despreza o que é nosso... bate continência para a bandeira dos EUA e se diz patriota.

Por outro lado temos o nome do país: Brasil. “O nome Brasil vem da árvore pau-brasil, cuja madeira era utilizada para tingir tecidos com uma cor vermelha intensa, parecida com a de brasas. Os portugueses, ao chegarem às terras brasileiras, deram esse nome à região devido à abundância dessa árvore e à cor da sua madeira.” – Google.com. “O nome "Brasil" tem uma origem direta na árvore pau-brasil (Caesalpinia echinata), uma espécie nativa da região.” E por isso nada é mais brasileiro do que a cor vermelha. Historicamente a cor vermelha é mais brasileira do que as cores que nos lembram a época do império que nos causou conflitos étnicos, massacres, exploração econômica e exploração humana, levando embora nossas riquezas. Defender as cores do império é defender a época de maior massacre ao nosso povo.

Nos últimos dias a internet apresenta uma notícia que tira qualquer “patriota de araque” da sua zona de conforto. Depois que a extrema direita se adonou da bandeira do Brasil e da camisa da seleção brasileira como uniforme de um partido político, a CBF apresenta a ideia de uma camisa vermelha para a seleção brasileira e o “gado” vai a loucura chamando a CBF de comunista e que deseja tirar a identidade da extrema direita. Na verdade a identidade é da seleção brasileira e esta não é propriedade da extrema direita.

Mas a CBF não é comunista. A ideia da camisa vermelha nada mais é do que uma campanha de marketing da Nike que quer vender a linha de Michael Jordan. A cor da bandeira do Brasil deveria ser vermelha desde sempre e a camiseta da seleção também. De acordo com a CBF a camiseta principal continuaria sendo a amarela e a vermelha seria a segunda camisa da seleção. Lembrando que a seleção já usou a camisa vermelha em duas oportunidades: uma em 1917, na disputa do Sul-Americano e a outra em 1936, também pelo mesmo torneio. Mas naquela época não existia um bando de acéfalos gritando: “comunistas”.

Eu me atrevo a pensar que isso nada mais é que uma jogada comercial muito bem pensada. Lembrado que a maioria da população brasileira despreza a camiseta da seleção desde que a extrema direita tomou posse como uniforme político, causando queda nas vendas, nada mais normal que criarem uma opção para esse nicho da população que não se vê mais usando essas cores. Puro capitalismo.

Li numa rede social um “direitoso” alegar que em ano de eleição seria muito ruim ver um bando de gente usando camisa vermelha, não ficaria claro quem era do PT e quem estava torcendo pela seleção. Mas não é justamente isso o que acontece com a camiseta amarela? Pau que bate em Chico não bate em Francisco?

A extrema direita fez o favor de destruir o amor que tínhamos pelas cores e símbolos nacionais. Hoje muitos de nós temos vergonha de usar verde e amarelo com medo de ser confundidos com aqueles que depredaram Brasília no dia 8 de janeiro. Com aqueles que queriam rasgar a constituição brasileira. Com aqueles que queriam entregar o Brasil para quem pagasse mais. Com aqueles que pediam ajuda aos ETs e cantavam hino para pneu.

Acredito que nunca mais conseguirei usar uma camisa da seleção. Ela não mais me representa. Eu até tinha uma e a rasguei toda antes de jogá-la no lixo. Não queria correr o risco de uniformizar mais um idiota, por isso a destruí.

Eu defendo a cor vermelha para a nova camisa da seleção por ser a cor que mais representa o Brasil, mas poderia ser qualquer outra cor, menos a usada por um bando de assassinos.

A seleção brasileira perdeu todo o encanto, diz aquela torcedora que chorava ao ver a canarinho entrar em campo. Hoje tenho aversão porque lembro que quem veste essa cor quase destruiu o país que eu amo. Minha bandeira jamais voltará a ser verde e amarelo... mas o nome do meu país sempre será “vermelho feito brasa”.


Isab-El Cristina


Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras, é Diretora Cultural do ColetiveArts.

Escute o episódio do podcast Coletive Som gravado com Isab-El , clicando Aqui.

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4 Comentários

  1. Muito bom. Exatamente isso. Gostei do "direitoso". rsrsrsrs

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    1. Oi, sou a Isab. Obrigada pelo retorno. Também gosto de usar a palavra direitoso kkkk. Abraço

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