MENOS CIGARRO, MAIS VIDA
Estava assistindo ao Jornal do Almoço do dia 28 de maio e vi a notícia da campanha “Menos cigarro, mais vida” e um filme passou na minha cabeça.
Tudo começou no dia 15 de outubro de 1977. Estava me arrumando para minha festa de 15 anos. Meu tio Neri havia me presenteado com uma linda festa e a chuva estava prejudicando tudo. O penteado desandava pela umidade no ar e já estava sendo refeito pela terceira vez quando pedi um cigarro para minha mãe que estava fumando. Ela me deu o primeiro cigarro e logo pedi o segundo. Ela foi na rua e comprou um maço de Charme e me deu dizendo: o primeiro maço eu te dou, agora tu sustenta teu vício.
Na época era bonito fumar, era status, coisa de gente resolvida. Mal sabia eu que estava entrando numa fria. Naquela noite eu fumei todo o maço e no outro dia já ia no armazém em frente ao prédio onde eu morava e pedi, muito orgulhosa de mim: - Por favor, um maço de Charme. – a atendente me perguntou: - Tua mãe não fuma LS? Ela troco de marca? – estufei o peitinho e disse: - Este é para mim.
Meu pai sempre brigou comigo, ele queria muito que eu parasse de fumar. Pena que eu não o ouvia. Eu me sentia uma adulta decidida e resolvida, aquela que sustentava o vício. Eu já trabalhava. Minhas tias tentaram me alertar do caminho que eu estava entrando, meu pai foi incansável, reclamava a cada cigarro que eu acendia. Pena que eles faziam tudo errado: eu era uma adolescente pensando que era adulta, o mais eficiente seria não demonizar o vício, mas eles tinham ótimas intenções e só hoje vejo isso.
Fumei durante minhas gravidezes a média de 4 maços por dia, média que mantive por 39 anos. Não me orgulho disso, pelo contrário, tenho até vergonha de ter exposto meus bebês a uma alta carga de veneno. Durante todo este tempo muitas foram as pessoas que tentaram me alertar dos perigos do cigarro, mas eu não queria ouvir.
Foi no ano de 2016, eu estava concorrendo ao cargo de vereadora pelo Partido dos Trabalhadores na cidade de Gravataí. Estava chegando em casa , de moto, com o coordenador de campanha e estávamos gelados, estava chovendo e muito frio. Entramos na cozinha e fui ligar a estufa. O Luis Flamarion, com seu jeito muito sutil, disse para eu comprar um ar- condicionado e eu disse que não tinha dinheiro para isso. – Pára de fumar que te sobra dinheiro para o ar-condicionado. – disse ele. Na hora eu fiquei muito brava, ora essa, quem era ele para dizer o que eu tinha que fazer com o meu dinheiro? Eu trabalho para sustentar meu vício... Mas a sementinha da decisão havia sido plantada no meu cérebro, com sucesso.
Passei toda a campanha “ouvindo a voz do Flamarion” no meu cérebro cada vez que acendia um cigarro. Após as eleições voltei a trabalhar na Vigilância em Saúde. Tanto o secretário da saúde, Laone Pinedo quanto a coordenadora da VIEMSA, Patrícia Silva, me criticavam sempre que podiam e a cada crítica eu ficava mais convencida de que tinha que parar. Um dia eu entrei na sala da Patrícia e pedi se ela podia me ajudar a parar de fumar. Na mesma hora ela ligou para o CAPS AD e o que ela falou me chocou: - É minha funcionária. Ela fede a cigarro... - nossa... acabou comigo... Laone riu da cara que eu fiz, confessando que havia ficado feliz com minha decisão. Há muito que ele insistia para que eu parasse, desde a época em que trabalhávamos na SMFCAS, isso no início dos anos 2000.
Após 39 anos de tabagismo intenso, com o apoio dos meus amigos, parentes e colegas e com a ajuda de adesivos e acompanhamento psicológico no CAPS AD, no dia 16 de dezembro de 2016 eu iniciava uma outra vida, sem cigarro. Não foi fácil, não está sendo fácil, ainda sinto vontade de fumar, ainda penso em pegar “só um”, mas vivo no “só por hoje” e cada dia é um dia de vitória. Não é fácil largar um vício, seja ele qual for. É uma doença que te domina física e psicologicamente.
Hoje, dia 28 de maio de 2025 eu completo 3388 dias sem cigarro graças a todas as pessoas que me ajudaram. Dia desses encontrei a Dra. Diana, a médica do CAPS que me ouvia todo mês, num curso que estamos e a primeira coisa que eu disse foi: - Estou conseguindo, sem nenhuma recaída até agora. – e o sorriso dela me deu mais forças.
É um processo lento e doloroso, mas ao mesmo tempo é gostosa a sensação de liberdade. Comecei a fumar para sentir a liberdade de ter escolhas e parei de fumar para me sentir livre do vício.
Quase nove anos livre do tabagismo. Eu nunca esquecerei cada pessoa que me ajudou a parar de fumar, em especial ao Laone que infernizou minha vida (kkk) para que eu parasse, ao Flamarion que achou as palavras certas na hora certa para que eu começasse o processo e a Pat que me mostrou o caminho da liberdade.
Cada pessoa tem seu momento e seu motivo para parar. Não adianta os amigos e parentes ficarem forçando. O Flamarion virou a chave do que todos os outros amigos e parentes tentavam há anos e eu agradeço a cada um com carinho.
Seria difícil citar cada um que me incentivou a essa decisão, ocuparia várias páginas. Peço que cada um escreva nos comentários da página como me incentivou a parar. Seria muito legal ler a minha história contada por vocês.
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Isab-El Cristina |
LUTA CONTRA
O TABAGISMO!
8 Comentários
Eu sempre fui aquela que nunca fumou diretamente, mas conviveu sempre com fumantes, primeiro, meu pai, depois dos lugares onde trabalhei. Me diziam, quando chegava em casa do trabalho/escola que meu cabelo cheirava a cigarro. Infelizmente me vi atingida, sendo uma fumante passiva.
ResponderExcluirOi, sou a Isab. Muitos são fumantes passivos. Hpje eu também sou. Bjuuuu
ExcluirBah! Tinha de ficar a favor do vento,para qque a fumaça de teu cigarro não me deixasse fedendo... Kkkk
ResponderExcluirKkkkk, verdade. Tu sempre falava isso p mim. Bju
ExcluirQuando tinha meus 13 anos, por influencia de amigos, fumei Minister. Foram só algumas semanas e percebi que a minha respiração não estava boa. Já tinha bronquite asmática e o cigarro só piorava. Parei de fumar porque a imagem de "homem bem sucedido" não combinava com a minha falta de ar. Minha primeira namorada fumava, muito disse para ela parar. Claro que não adiantou, mas eu tentei. O cheiro e o gosto do fumo me fizeram lembrar dela anos depois quando fui atendido por um dentista que, ao sentir o seu cheiro ao examinar minha boca. Perguntei se fumava e ele confirmou. É, o cigarro marca a vida de quem fuma e de quem convive com o fumante. É um vicio que gera cada vez mais dependência e nestes tempos de Covid e insuficiências respiratórias leva cada vez mais pessoas a óbito. Parabéns Cristina pela tua vitória a cada dia.
ResponderExcluirOi, sou a Isab. O fumante não para pq as pessoas pedem, para qdo chega s hora. Ainda mais aquela pessoa q não aceitava ordens nem ideias dos outros kkkkk.
ExcluirFumei dos 14 (1978) aos 25 (199x), mais ou menos..cerca de 10 cigarros por dia normal e uns 20 quando era dia de farra. Eu fui adepto do Hollywood. Às vezes, Malboro, pois Os Homens se Encontram no Arizona.
ResponderExcluirQuando casei, a jovem esposa pediu que parasse, pois a casa, o quarto, as roupas, eu... Tudo fedia, segundo ela, pois o fumante não sente. Que sua boca fede... para quem não fuma.
Num esforço gigante, consegui.
Precisei criar raiva do hábito de fumar, do cigarro, de quem fumava, e evitar todas as propagandas da época.
Oi, sou a Isab. Sabe q não fiquei com raiva de cigarro? Posso ficar perto de um fumante numa boa. Mas q bom q paramos, né? Abraço
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