A Reta Final Começa no Início ou
Nossa Tão Grande Culpa
Esse é um texto para não ser lido. Guarde-o ou rasgue-o. Além de muito longo, maltrata pessoas sensíveis. E onde já se viu, praticar o mal numa sexta-feira, 13? Se você arriscar ler, poderá sair baleado e baqueado, com horrível sensação de mal estar. Calma, não fique ansioso, por nada. É provável que o texto lhe diga respeito, mas, talvez, não. Só avance se tiver certeza que consegue chegar ao final, afinal, estamos na reta final. E começa assim:
Incrível como ficamos maravilhados com certas frases de efeito, que dizem exatamente aquilo que precisamos ouvir, aquilo que desejamos, aquilo que necessitamos. Sempre foi assim. Nascemos para sobreviver e vencer, doa o que e quem doer.
We Are The World” mudou alguma coisa na mama África? “Wonderful World” é o sentimento que se toca? “Café da Manhã” é realidade entre casais?
Sentimentalmente, sabedoriamente, queremos um Mundo como na Música, como nos contos de Princesa. Porém, por que, raramentemente, acontece? Onde está o erro?
Imaginemos, voltemos ao nosso passado remoto, principial, quando somos bebês. Desde ali, já somos pilantrinhas. Se não tem peito, abrimos o berreiro. Depois, só comemos se houver aviãozinho. Mais tarde, só aquietamos se tivermos o celular (coisa de hoje). Ou seja, tudo na base da troca, da chantagem. E mais tarde, a disputa por posição com os amigos, pelas notas no culégio (assim que se pronunciava), pelas garotas mais bonitinhas ou gostosinha (assim que se escolhia, baseados na espessura das coxas ou na abundância da…, eita!).
Mais depois, as trocas de namoradas, surrupiar algumas moedas do vovô, pegar o carro ou moto sem habilitação, tomar o primeiro porre aos 14, praticar pequenos delitos aceitáveis ou ingênuos, como pegar uma manga no quintal do vizinho, faltar à aula, ser reprovado, catar o guarda-chuva escorado numa porta, jogar uma casca de banana na calçada para alguém escorregar e cair, iniciar vícios como beber, fumar, não pagar suas contas, etc. E haja treinamento para se dar bem na vida cometendo pequenos delitosinhos.
Adulto, chegar atrasado ao trabalho, ter justificativa para tudo e não assumir erros, prejudicar os outros se não estiver se dando bem, querer pegar todas as mulheres que vê, gastar mais do que pode, sonhar com o impossível, jogar a culpa dos seus fracassos nas pessoas, causar acidentes e culpar o outro, não cumprir as leis, querer levar vantagem em tudo. E ainda o incrível “toma lá, dá cá”.
Chegamos ao futuro, que é agora e vemos o Mundo de cabeça para baixo e reclamamos de tudo. Vemos que as juras feitas na comunhão, no casamento, que as palavras ditas na seleção do emprego, as declarações de amor, os dez mandamentos, o código civil, o tratado das Nações Unidas, as cartilhas de bons costumes, tudo isso, não vale nada.
Ou seja, vale para os outros - enquanto que nós podemos fazer do nosso modo. Queremos tudo correto e justo, queremos “nossos direitos” inviolados. Queremos tudo certo, mas não respeitamos a fila, não respeitamos o semáforo, não respeitamos a faixa, não respeitamos o silêncio, não respeitamos o próximo e, por fim, não respeitamos a Natureza. Enfim, não respeitamos porra nenhuma.
Sabemos, pois, que não podemos acreditar, sabemos que mentem, por exemplo, os políticos que juram governar e legislar em prol do povo; o amante que jura amor eterno e fidencial; o vendedor que repassa roubo ou produto danificado. Afinal, amigos traem, casais se traem, irmãos se matam, pais e filhos se destroem. Ao longo da vida, com as pilantragenzinhas, os delitosinhos, as justificativas, criou-se o presente, recheado de problemas de todas as naturezas.
Fugimos, escondemo-nos, evaporamos. Buscamos linhas e planos de fuga na solidão do individualismo consentido, embarcamos nas torcidas desorganizadas do futebol para encobrir nosso desesperado sentimento de ser inútil, combatemos o combate dos nossos algozes da política implacável e desumana, fazemos o errado porque é o que sabemos fazer desde sempre (lembram-se?).
É preciso pontuar que tudo isso refere-se à Bolha que nos circunda, que está próxima de nós, e é apenas uma amostra do conjunto de situações e fatos que nos cercam durante a vida. Somos bombardeados de perigos durante toda a vida. Não podemos vacilar. A coisa muda de figura e de complexidade, quando inserimos os fatores externos, nacionais, mundiais, que causam mudanças e condições, partam e venham de qualquer endereço no Planeta.
Fica claro, outrossim, que existe uma linha tênue que separa. Podemos ser melhores, podemos ser retos, linheiros. Mas como? Como ser correto, digno, confiável, leal, especial, diante de nossa própria existência falha, anteriormente, presente, se vivemos substancialmente u’Mundo total e completamente errado, desequilibrado, cruel e violento?
Mente-se a verdade
A verdade é uma mentira
Mentem os índices da economia
Mente-se no amor e na família
Mentimos na frente e à revelia
E mentindo-se em tudo, assim
Que Mundo bom que se queria?
É difícil, mas tem jeito. Assim como o erro, a falha, temos, ali ao lado, a correção, a moral, os bons sentimentos, as práticas, as alegrias, as vitórias, os sorrisos, os gozos. O jeito seria fazer tudo ao contrário. Gostamos de contrariar o que é correto. Por que não contrariar o que é errado?
Podemos, sim, valorizar esse lado e deixar o outro lado, de lado.
Os impulsos são nobres e dizem respeito diretamente à aquilo que nos incomoda na bestialidade que enfrentamos diariamente, em casa, nas ruas, na telinha, em toda parte.
Lutar por um Mundo melhor, como fazem Os Vingadores, os heróis, os mocinhos do cinema e da tv. O Tex, o Durango Kid, o Fantasma, dos gibis, é possível. O Tonho da Lua, o Sassá Mutema, a Tieta, das novelas, tem sentimentos puros. Basta querer, persistir, acreditar.
(Fatos baseados em fatos reais e qualquer coincidência não será tão mera assim).
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GG Carsan |
"G. G. Carsan é cidadão do mundo, gosta de caminhadas na natureza, tocar violão nas horas de folga, passar horas na internet papeando com os amigos, escrever editoriais e matérias nos seus grupos e páginas, preparar novos livros e poesias (quatro livros sendo finalizados e outros cinco iniciados), manter os storys atualizados, viajante internauta pelas imagens e mapas, faz caminhadas de verdade e adora um vinho da Serra Gaúcha... é um escritor brasileiro cujo principal lema de vida é valorizar a justiça, a honra e o caráter; escreve histórias reais e ficções e tem quatorze produções publicadas entre livros físicos e e-books (o último: Crônicas Que Não Querem Calar, de março de 2025). É um colecionador, divulgador e historiador do personagem de quadrinhos TEX, com uma dúzia de exposições em eventos pelo Brasil, quatro livros publicados, páginas e grupos na internet desde 2002, cinco temporadas no canal do youtube "Tex Show", uma dúzia lives na página Texianos Live Show e foi o primeiro cosplay do personagem no Brasil.
Para conhecer um pouco mais sobre GG Carsan, escute o episódio de nosso podcast, o Coletive Som, gravado com esse grande pard. Clique Aqui.
1 Comentários
Cara. Demais. Boa sexta feira treze para todos. Fiquem bem. Sempre que possível.
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