ARTE E CULTURA


Resistência e luta no Centro Cultural La Chispa, no Paraguai – A história da cultura subterrânea acontecendo hoje


Estava tomando uma cerveja gelada e barata na fantástica Bodega Gonzales, na Vila Morcego, Paraguai. Na verdade o nome é em guarani, más vendo minha inabilidade em entender e falar o nome na lingua original, traduziram para me ajudar. Como não se encontra o lugar no mapa, muitos dizem que talvez tenha entendido o nome errado. Com tudo, toda via e entretanto, isso é o menos importante. O legal é chegar lá e encontrar toda aquela gente linda e interessante.

Mas, em um desses dias, enquanto.ainda tinha umas moedas no bolso para me dar ao luxo de curtir estes prazeres simples e grandiosos do mundo, resolvi prestar alguma atenção ao aparelho de tv que estava sempre ligado para analizar o que rolava na mídia paraguaia. Estava completamente apaixonado por aquele povo e lugar tão vibrante, maravilhoso e acolhedor, ao mesmo tempo que explorado, parasitado e, por isso mesmo, sofrido. É perturbador ver um povo tão lindo, submerso em tantas injustiças geradas pelo desequilíbrio social provocado pelo comércio, dinheiro… Enfim… Pelo capitalismo e a hipocrisia do maldito status quo. 

A primeira coisa que observei é que os mecanismos de controle mental e da construção de uma programação altamente alienante, com o compromisso voltado exclusivamente para implantar o medo, a dependência e a desinformação, é um projeto internacional. Não importa.onde esteja, as engrenagens que deterioram o físico e a mente do povo, são as mesmas. O que está dando certo em um lugar, eles logo aplicam no outro. O importante é manter o povo acorrentado e acovardado. Sem o menor contado com a realidade revoltante que o prende exatamente onde está.

Era um programa no modelo Datena, Ratinho e outros lixos do tipo. Exatamente idêntico. O mesmo show de horrores, patético e oligofenico, Um insulto para quem ainda tem um mínimo de massa pensante.

Nesse momento começa uma matéria falando sobre o centro cultural La Chispa. Uma situação realmente inacreditável, ultrajante. Nem em obras como 1984 poderíamos encontrar algo assim. Uma situação entre o bizarro e o absurdo.

Dei uma boa olhada em volta. Vi cada rosto, cada parede… Cada mulher, homem, velho e criança que passava por ali, indiferente ao escândalo que a caixa colorida anunciava. Em um país onde aquele povo tão lindo e generoso deveria estar sendo melhor atendido, tratado,  pelos funcionários públicos que tem acesso a toda a máquina que poderia fornecer melhores condições para todos, estão gastando tempo, recursos e energia para condenar um centro cultural dedicado a cultura que não tem espaço na grande mídia, que hoje abre espaço para justificar toda a celeuma que existe em cima de uma lei retrógrada que fala sobre poluição sonora. Sempre leis abstratas onde podemos englobar qualquer concentração de pessoas dedicadas a fazer pensar e refletir, a abrir espaço para quem produz. Uma cultura que não esteja disposta a insuflar.o conformismo e a repetição da mesma coisa de sempre. Seria enaltecida se caminhasse no caminho opostos .  Se você quiser fugir do mais do.mesmo, é ali.

Só de ver a matéria e as imagens do local, das bandas independentes e totalmente subterrâneas, e das demais expressões culturais que rolavam no lugar… Simpatizei com a causa. O que eles mostraram para causar revolta na população e apoio a condenação do centro cultural, me trouxeram uma grande cumplicidade e empatia.

A matéria mostrava as cenas dos eventos ocorridos no centro como provas e depois apresentavam cenas do julgamento que tinha como objetivo condenar o responsável pelo centro a prisão.

PASMEM!!!

Tudo que um povo como o paraguaio mais precisa hoje, está sendo julgado e condenado e ninguém fora do país fala sobre isso. Eles querem fechar e prender a cultura. Total repressão em cima do que faz questionar e refletir. Não pode ser!

Não podemos ver e nos calar diante do inaceitável independente da lei. A escravidão também já foi aceita por lei. A lei quase nunca tem a ver com justiça. Geralmente estão em polos opostos. 

Eles dizem que não podemos colocar a estrutura em xeque e questionar a cultura e valores mentirosos que nos empurraram goela abaixo desse crianças. Temos de aceitar a falta de estrutura mínima, de condições básicas… E aceitar um centro de cultura espargindo a rebelião contra o injusto e inacreditável ser julgado e condenado, culpado por estar propagando o que se pode ser Chamado de reação… Isso é inaceitável…  Existe uma lei em que podemos enquadrar e calar essa gente. Perturbando nossa paz…. Questionamdo.nossas convicções e estruturas…. Onde ja se viu? 

Quanto absurdo imposto e instituído. Época vergonhosa e indecente, socialmente analisada.

Acompanhem a luta do Centro Cultural La Chispa em suas próprias redes sociais e pense em uma forma de apoiar e divulgar essa luta que acontece hoje:

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Fabio da Silva Barbosa

O escritor Fabio da Silva Barbosa, um dos membros mais antigos e ativos do ColetiveArts  (foi dele a coluna Malditos Teclados Bailarinos).Dono de um olhar cirúrgico, Fabio é um verdadeiro cronista do underground, caminha pelos becos e bares da vida, que depois transforma em textos que são verdadeiras pedradas nas janelas dos "donos da moral e dos bons costumes". Também é dele um dos maiores fanzines do Brasil, o seminal Reboco Caído.


"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

COLETIVEARTS, 07 ANOS DE VIDA,
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