Domingos no sujo




Eram apenas dois degraus, falar duas palavras com o porteiro (ou seria leão de chácara?) e pronto, já estava aonde não devia estar. O lugar era sempre o mesmo, na ponta. Onde existia uma caixa antigamente. Mais pra esquerda sempre estava ocupado. Algumas vezes, tinha um ou dois espaços, mas não comportava os que ali queriam ficar. Apesar de sempre caber todo mundo. O dia segue, as conversas. Ah! As conversas, era por isso que eu ia lá. Uns iam pra se alimentar, outros iam para se hidratar. Todos iam atrás de carne. De um modo ou outro, tudo acabava em carne.Mas eu, eu só necessitava de conhecimento. Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete,etc.
O velho na parede já me olha estranhamente. Foi ele que me disse uma vez: se não for para se hidratar com classe, nem comece. Ou algo assim. A essa altura, fica difícil lembrar de coisas assim, ou de reconhecer pessoas. Mas eu lembro que uma vez, o velho me mandou rolar os dados, independentemente do resultado, me disse: se você vai tentar, tente até o fim, caso contrário, nem comece. É, você deve estar pensando, as coisas são nebulosas por aqui. São mesmo. Apesar que sair e tentar algo, não foi o problema. O problema, foi voltar. Repetir todo esse processo novamente. Acho que os dados eram viciados.
Sempre, aos domingos.


Texto: André Palma Moraes, Arte: Jorginho

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