MICROSCOPIA DO OLHAR



SEXTA-FEIRA 13 DE LUA CHEIA

          Confesso que me alinho com os "seres fantásticos" envolvidos na aura mística desse dia. Bruxas e lobisomens são alvo de crítica ou fascinação, em especial na sexta-feira 13 de lua cheia. Para os mais supersticiosos e normalmente mais amedrontados (e nada me tira da cabeça que esses têm linhagem de bruxaria ou de lobisomens na família) é um dia que gostariam que não existisse no calendário.

Medo do quê? De quem?

           Nós, bruxas, viemos de um tempo no qual as mulheres não poderiam jamais ter nenhum tipo de poder. Um poder mágico, que nada mais é do que a energia que circula na natureza. Mulheres não podem saber mais que homens. Jamais. Por isso, tantas foram queimadas nas fogueiras. Gosto muito da frase que encontrei esses dias pelas redes sociais, que dizia: "Nós somos as netas de todas as bruxas que vocês não conseguiram queimar." Enfim, cá estamos, lutando por nossos direitos e pelos direitos daqueles que não têm voz.

Por que medo das bruxas?

         Nós, lobisomens, viemos de um tempo no qual o estranho era visto como algo demoníaco, inconveniente para ambientes em que reinavam a beleza e a perfeição. Um corpo animalesco e imperfeito não pode ser aceito. Deve ser exterminado. Exclusão! Gritam. Extermínio! Sugerem. No imaginário popular o lobisomem era uma fera sanguinária que, quando solta, matava o que estivesse pela frente. Besta fera. Mas só sob a influência da lua cheia. Durante o dia, tudo normal com seus familiares. Estes tinham vergonha, ninguém falava nada. O diferente e a diferença devem ficar no silêncio. Aquilo que choca os nossos olhos bate de frente com as idealizações que formamos durante a vida, que não condiz com a realidade.

Por que medo de lobisomens?

Por que medo do que não conhecemos?

Por que não querer saber?

           Hoje é sexta-feira 13 de lua cheia. Convido você a se conectar com essa energia e se descobrir, olhar para si e para o outro com verdade e respeito. E entender que bruxas e lobisomens, tal como foram construídos, nunca existiram.


  Texto: Patrícia Maciel     



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