CINEÓIDE


 

O Gambito da Rainha

The Queen’s Gambit
2020
Scott Frank e Allan Scott
Eps de 60 min em média



Ta aí uma série que vi muita gente falando bem. Ainda assim, demorei para ver. Aprendi a jogar xadrez cedo. Sempre fui fascinado pelo jogo, apesar de jogar muito de vez em quando. Deste ponto, já tenho predisposição a gostar, claro. Ainda assim, é uma série que nos traz muito mais do que o amor por um jogo.

O gambito da rainha é uma série sobre xadrez. Muito mais do que se imagina. Quem gosta do jogo, ou joga, em qualquer nível, vai gostar do modo como o jogo é apresentado. Ainda assim, é uma história bem maior do que isso. Sobre as faces mais obscuras da mente. Um clichê como ideia mas não da forma como foi contado.

Vi muitos críticos comentando os clichês da série. Claro que existem. Uma história sobre uma menina vencendo em um ambiente competitivo quase que exclusivamente masculino na década de 60 exige clichês. Inclusive, o resto da série não é exatamente original. As melhores cenas são muito simples. Xadrez é um jogo simples. Duas pessoas em volta de uma mesa empurrando 32 peças em 64 espaços. Nada mais do que isso. Então, como contar uma história interessante sobre um jogo totalmente cerebral?

Beth Harmon é órfã. A perda de seus pais é ilustrada em flashbacks em cenas bem
depressivas. Ainda assim, em nenhum momento a personagem parece se afetar com isso. Pelo menos até o momento em que se encontra com as drogas e o álcool. Sua mãe adotiva incentiva a ida a campeonatos. Não pelo amor à filha, mas pelos prêmios. Ainda que essa relação não se desenvolva muito, em pequenos atos, Beth demonstra as suas fragilidades que a levam de encontro aos seus vícios. Inclusive o jogo.

Ao final de tudo, ainda resta o desafio de ser a melhor em um mundo dividido pela guerra fria. A parte política é citada, porém, não explorada. O foco é no jogo e em como alguém se torna o melhor. Lutando inclusive contra o limite da própria genialidade.

Nota: 10 ...uma série tecnicamente perfeita. Trilha, foto, direção, atuação e que ainda vai te fazer querer jogar xadrez. Tem como não ser um 10 absoluto?



André  Moraes é Cineasta, Escritor e criador do Wasd Space, que está com uma linha de camisetas com ilustrações autorais muito show, entrem em contato com ele.

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2 Comentários

  1. Pois é, aqui inclusive o xadrez não se encontra em nenhuma loja. Perguntando ao vendedor, um balançar da cabeça:"Não moça, desde aquela série...". Eu adorei, também por ser curta, de uma temporada só.

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  2. ótima recomendação. A série é ótima! Baseado no livro de mesmo nome, de Walter Trevis (1983), dizem ser o melhor livro sobre xadrez ... antes de tudo, é um livro de estratégia muito bom. A escolha da atriz foi perfeita, Anya Taylor-Joy entrega uma atuação incrível. E o mais incrível é a história da adaptação deste livro para as telas ... projeto pensado já a um bom tempo, Heath Ledger era detentor de seus direitos para adaptação e estava trabalhando nela, ao falecer ... ficou engavetada por muitos anos. A princípio, era para sair um filme desta historia formidável, mas creio que assim, como uma minissérie, ficou perfeita! Conseguiu desenvolver bem os personagens e o crescimento da protagonista, até se tornar a grande campeã que foi. Esta atriz vai dar muito o que falar ainda! É muito boa ... e tem uma magia no olhar que encanta e petrifica ... kkkk

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