ARTE E CULTURA

 

A mulher mais amada do mundo, 
Vanessa Passos


Fazia tempo que aqui em casa esperávamos a chegada da mulher mais amada do mundo. Ela tinha se anunciado havia meses e já estávamos ansiosas por recebê-la. Até minha cunhada lá no Pará mandava mensagens de 15 em 15 dias perguntando por ela: “E aí, já chegou?”

Foi um motoboy que a trouxe, lá pelo final do ano passado. Lembro que, ao ouvir a buzina frente à casa, deixei cair esponja e prato na água espumada da pia e saí correndo. Mas minha esposa chegou primeiro.

— É a mulher mais amada do mundo! — anunciou eufórica, sob o olhar perplexo do motoqueiro.

Tentei chegar perto para vê-la melhor, mas Larissa não deixou. Toda ciumenta, pegou na recém-chegada e subiu à varanda onde deitou com ela na rede. E lá ficou durante as próximas duas horas, mergulhando nas histórias de amor e desamor, de solidão, família, morte e vida que a mulher mais amada do mundo lhe contava.

— E aí, o que você achou? — perguntei curiosa quando ela finalmente fechou o livro.

— Muito bom — disse. — Breve e impactante.

Me apoderei do livro e sentei no sofá. É só abri-lo para perceber o carinho e cuidado com que foi feito. Uma edição linda, com ilustrações da artista cearense Raisa Christina e um projeto gráfico bem elaborado. E quanto aos contos: Larissa tinha razão. Sempre acho impressionante como a Vanessa Passos consegue criar em pouquíssimo espaço ambientes, conflitos, relações e personagens profundos. Difícil é escolher o conto favorito. Não tem como não se identificar com essas mulheres. Quando me despedi da Alice, a última, fiquei com saudade de todas elas.

Mas a Vanessa foi bem engenhosa. Ela não deixa acabar o livro com o conto final. Depois de se deleitar com as histórias, você ainda pode se deleitar com os 13 desenhos em homenagem às suas protagonistas. Folheio as últimas páginas devagar, me despedindo de cada uma: de Clarice, Elisa, Maria das Graças, Sabrina, Catarina, Alice, Nina, Maria, Ana e das sem nome também. Mas a despedida não é pra sempre. Logo mais, tenho certeza, vou visitá-las novamente.

***

Título: A mulher mais amada do mundo
Gênero: Contos
Número de páginas: 81
Ano: 2020
Editora: Luazul
E-book disponível na Amazon (unlimited), clicando Aqui
Para comprar o livro físico, fale com a autora 


Yvonne Miller

Yvonne Miller 
nasceu na cidade de Berlim em 1985, mas mora, namora e se demora no Nordeste do Brasil desde 2017. Atualmente vive em Pernambuco, no meio da Mata Atlântica, junto com sua esposa Larissa, sua enteada Morena, o gato Salém e o cachorro Chico. Escreve contos, crônicas e literatura infantil em alemão, espanhol e português. Tem textos publicados em coletâneas, como Paginário (Aliás Editora) e Histórias de uma quarentena (Expresso Poema Editora). É colunista do coletivo de cronistas nordestinas @bora_cronicar e do blog Escritor Brasileiro. Além de ficcionista é autora e redatora de livros escolares.

Instagram: @yvonnemiller_
 


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4 Comentários

  1. Uau!
    Ja percebi que o livro é top.
    Um livro assim não deve ficar na prateleira. Deve ganhar pernas e embalar outras cabeças...
    Para o Salve Jorge: Um livro na prateleira é letra morta. Sugiro criar uma cadeira O Livro que Caminha para fazermos livros caminharem após lidos.

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  2. Me instigou a ler esse livro, até já baixei no Kindle unlimited

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  3. Li esta Mulher e amei. A resenha-conto está maravilhosa! Recomendo, também da autora, vencedora do Prêmio Kindle deste ano, A Filha Primitiva, a obra premiada.

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  4. Excelente resenha-conto! O livro é excelente. Recomendo também A Filha Primitiva, com que Vanessa venceu o Prêmio Kindle deste ano.

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