NAVALHAS AO VENTO

 

QUIOSQUE DA CULTURA, PATRIMÔNIO CULTURAL 
DE GRAVATAÍ

Quando o assunto é arte e cultura eu fico pensando no quadro de Di Cavalcanti sendo esfaqueado, no O Flautista de Bruno Giorgi, no Galhos e Sombras de Frans Krajcberg entre outras obras destruídas e vem a certeza de que um povo sem arte e cultura é um povo vazio, sem memória e sem educação, capaz de qualquer atrocidade.

E é pensando na cultura que desde o tempo do Prefeito Edir Pedro de Oliveira (PTB) a cidade de Gravataí luta por mais espaços que abracem a arte e a cultura. Em 1996 a Fundação Municipal de Arte e Cultura - FUNDARC, juntamente com os artistas locais, perceberam que o Bar Quiosque do Jorginho seria o local indicado para um centro de cultura na cidade, tanto pela localização e visibilidade, como pela arquitetura. E um belo evento foi o início de uma grande obra. A coletânea Raízes de Gravataí, volume 3 relata que:

"VOZES DA PRIMAVERA, A LUTA PELO QUIOSQUE
O empenho do poder público em retomar a área onde se localizava o Bar do Jorginho, no Quiosque, Praça Leonel de Moura Brizola, teve o apoio de artistas da Aldeia. Toda a classe artística se reuniu num evento patrocinado pela Prefeitura Municipal de Gravataí, através da Fundação Municipal de Arte e Cultura - FUNDARC, na época tendo como Diretor Presidente o professor Pedro Eltz. Cedo da manhã até a tardinha do dia 21 de setembro de 1996, os artistas acamparam na praça, fazendo, inclusive, um autêntico carreteiro de charque em panela de ferro. O fogo de chão foi dirigido pelo poeta gauchesco J.P.Fialho (in memoriam) auxiliado pelos demais gaudérios. A mostra teve exposição de artes plásticas, literatura e poesia. "

E esse foi o início do nosso Quiosque da Cultura, na Praça Leonel de Moura Brizola, inaugurado em 10 de outubro de 2011 já no Governo da Prefeita Rita Sanco, PT, após um plebiscito em que a própria população optou e votou por sua finalidade cultural pela Lei 2051/2003. E desde então o Quiosque nunca mais foi o mesmo. Naquela praça, único espaço cultural municipal da cidade, existe o oxigênio artístico necessário para nossa vida. É lá que ainda hoje os artistas divulgam seus trabalhos, além da realização de várias oficinas ofertadas pela Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer - SMCEL , sob a batuta do prefeito Luiz Ariano Zaffalon e do secretário Leandro Soares Ferreira. O CentroPop (com as pessoas em situação de rua) também usam o espaço para o enriquecimento de suas almas. Eu participei de um recital com o CentroPop e sai de lá emocionada. Pessoas em situação de rua mais evoluídas culturalmente que muitos gravataienses que eu conheço, que não sabem reconhecer uma obra de arte, mas que tem dinheiro e acham que podem mandar na cidade. Eu vi pessoas em situação de rua que tocam instrumentos, outros que recitam obras clássicas da nossa literatura e, tenho certeza que muitos são capazes de lindas pinturas.

Hoje vejo nas redes sociais uma pequena parcela inculta da nossa sociedade, pessoas que só tem dinheiro porque nasceram em berço de ouro, porque se fosse pela meritocracia, nunca teriam chegado onde estão, tamanha a ignorância que ocupa aquele corpo, dizendo que "marginais habitam o Quiosque", que o local "é perigoso", mas na verdade ele sente nojo de seres humanos. Aquelas pessoas não tveram o mesmo berço do "cidadão de bem que não entende de arte" ou não aplicaram os mesmos golpes, estão lá porque a vida os levou para lá e nosso dever é acolhe-los. Eu não tenho medo de passar ali a qualquer hora do dia ou da noite como o "cidadão de bem que não entende de arte" alega, aliás, muitas vezes compro uma garrafinha de água mineral e ofereço para algum que pareça necessitar se hidratar. São seres humanos e são meus irmãos, diferente do "cidadão de bem que não entende de arte" que não merece o meu respeito, pois agride, ofende e humilha qualquer pessoa que não tenha o mesmo berço que ele, ou que não pense dentro do quadradinho que ele criou. O mesmo "cidadão de bem que não entende de arte" já disse até que no museu tem muita coisa velha... atentem para o grau de imbecilidade.

Quanto ao Quiosque, é uma conquista da Prefeitura Municipal, com o apoio da comunidade artística e deve ser respeitado como um espaço de aprendizado. Uma cidade sem cultura é uma cidade sem passado, sem futuro e sem história. Até hoje ainda não entendi porque nada foi construído na parte superior. A aldeia ganharia em qualidade artística se no terraço do Quiosque pudéssemos aproveitar como espaço para oficinas com um pequeno palco, ideal para palestras, reuniões... Imagino um envidraçado onde poderia ter até um café, como no Sesc...

O Quiosque da Cultura pertence a cultura, pertence aos artistas, pertence a população com algum grau de civilidade. Quem ainda não foi a uma apresentação artística, não sabe o que está falando. Quem ainda não visitou o local não pode julgar. Quem ainda não ouviu uma poesia sendo recitada, um teatro como a apresentação do GET com a peça "Mademoiselle" dirigida, pela Izabel Cristina, não pode opinar. Arte e cultura não é para qualquer um, pode até ser para uma pessoa em situação de rua, mas nunca será para um metido "cidadão de bem que não entende de arte", pois para este só o dinheiro do seu bolso que importa. Graças a Deus eu nasci pobre e em berço de ouro cultural... Graças a Deus minha família me ensinou que "a gente não quer só comida/ a gente quer comida, diversão e arte..." 

Não nos roube o alimento da nossa alma. Uma ideia que já conquistou, foi e é respeitada por prefeitos de várias vertentes politicas, Edir Pedro de Oliveira - PTB, Daniel Luiz Bordignon - PT, Sérgio Luis Stasisnki - PT, Rita Sanco - PT, Acimar Silva - PMDB, Marco Alba - MDB e Luiz Zaffalon - MDB, não pode ser ameaçada por uma mente torpe. 

O Quiosque é patrimônio cultural, mesmo que alguns não saibam o que isso significa!


Isab-El Cristina Soares
Isab-El Cristina Soares é poeta, membro do Clube Literário de Gravataí, autora de 6 livros.  Graduada em Letras/ Literaturas, pós-graduada em Libras.

Escute o episódio do podcast Coletive Som gravado com Isab-El , clicando Aqui.


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2 Comentários

  1. Isa-El belíssimo e importante texto sobre o nosso Quiosque da Cultura😊
    E só tenho a te agradecer e te parabenizar pela coragem, garra e amor pelas artes de Gravataí, tão bem demonstrada e ressaltada em cada palavra sua
    👏🏼👏🏼💪🏼❤️🤝💜
    Gratidão minha amiga
    Orgulho da luta conjunta

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    1. Obrigada. Eu amo o Quiosque assim como amo o teatro, hoje abandonado, o museu, abandonado, o Solar dos Fonseca, hoje Caergs e outros que ajudei a preservar.

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