ARTE E CULTURA

 Hellboy e os 4 filmes, um deles muito torto

Pra iniciar minhas perspectivas sobre os 4 filmes do Hellboy preciso me colocar. Mike Mignola, criador do personagem, é meu artista de quadrinhos favorito. É também um dos meus autores de HQs favoritos (aqui o primeiro lugar não é dele, pois existe um certo mago inglês...). As revistas do Hellboy estão naquela prateleira onde basicamente nenhuma história me entendia. Ao mesmo tempo, sou um grande fã de grandes produções hollywoodianas e quase todas aquelas envolvendo o universo das HQs, independente da editora.

Dito isto, considero os dois primeiros filmes do personagem muito bons. Ótimas produções de filmes de herói, com uma direção impecável de Guilhermo del Toro e interpretação memorável de Ron Perlman como Hellboy. A partir deles descobri o personagem e me apaixonei. Mas sempre vi um mundo inteiro separando o Hellboy dos cinemas daquele que conheci a partir da história "o verme vencedor".

O terceiro filme foi uma tentativa infeliz e fracassada de copiar o MCU para dentro do universo criado por Mignola. Apesar do esforço de David Harbour para viver o personagem, pouco se salva.

E chegamos na quarta e atual abordagem para o personagem. Meio sem alvoroço de grandes produções, com jeitão de filme de baixo orçamento, a promoção do filme me assustou, pois do nada descubro que existia um filme o Hellboy já quase estreando e do qual eu nem sabia da produção... Fiquei com medo de uma continuação do terceiro filme...

Para minha felicidade e de tantos outros fãs das histórias em quadrinhos - e tristeza dos fãs somente do personagem dos cinemas - Hellboy e o Homem Torto é a melhor adaptação das HQs do personagem já feitas em live action. Está tudo lá - a ambientação, as bizarrices, a atmosfera geral das histórias em quadrinhos. Adaptar uma história específica, publicada no Brasil como "o Vigarista" foi um grande acerto! Nada de origem e sem a necessidade de fans services, visto que o filme toda é feito para a base de fãs dos quadrinhos.

Para quem é um grande fã de produções estilo MCU ou até mesmo do finado DCEU, talvez seja melhor esperar para assistir suas produções futuras. Mas para fãs de quadrinhos mais clássicos, a experiência é ótima. Divertida e nada afetada, até mesmo assustadora, apesar de não tratar-se de um filme de terror, como a web tem tratado, o filme traz para a tela tudo o que fez com que o personagem fosse um sucesso nos quadrinhos.

 

Meu único medo é que, por ser fiel aos quadrinhos como nenhuma outra produção cinematográfica foi até hoje, o filme torne-se um produto de nicho e com isto não ganhe o espaço que merece na estante dos filmes baseados na nona arte. Espero que não, afinal o catálogo de histórias do personagem é vasto e maravilhoso. Quem sabe possamos no futuro ver nas telas os Lobos de Santo Augusto? Além disto, Jack Kesy ainda não é Ron Perlman, mas encontrou um bom espaço para atuar e pode se tornar o Hellboy definitivo se tiver oportunidade. Visualmente é a melhor adaptação do personagem já feita. Vemos aqui um vermelho menos gritante, ombros baixos, olhar distante, menos músculos e caricaturas e mais pé no chão - o mais real que um demônio com os chifres raspados pode ser, é claro, e que nos lembra que ainda trata-se de filme baseado nos nossos tão adorados quadrinhos.

Hellboy e o Homen Torto (Hellboy: The Crooked Man), 2024. País: EUA. Direção de Brian Taylor

ANDRÉ RAMOS

André Ramos é Professor e Mestre em Educação. Apaixonado por sua família, pela ciência e por todas as artes, inclusive as marciais. Não possui redes sociais. Contatos, ramosbass@gmail.com

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."

- Ricardo Mendes

COLETIVEARTS, 06 ANOS DE VIDA,

CONTANDO HISTÓRIAS, 

CRIANDO MUNDOS!

SIGA-NOS EM NOSSAS REDES SOCIAIS:

Facebook: AQUI ​ Instagram: AQUI ​ YouTube: AQUI​ Twitter: AQUI

Sempre algo interessante
para contar!