DIRETO AO PONTO GG

 Isso Não se Discute

É impressionante como os humanos são capacitados na arte de blindagem contra atos e fatos que representam ameaças ou dificuldades, embora se privem de discutir o que realmente importa ou o que realmente conta ou o que realmente maltrata e machuca. 

Em muitos casos, não se discute algo porque não se está apto. E não está apto porque comprou a ideia de que aquilo não se discute. Então, é preciso aceitar o fato, calado. É quando se engole goela abaixo o que vier, o que for endereçado por quem quer que seja, sem discutir.   

Nesse texto, haverá referências, claro, claras, às três ‘coisas’ consideradas como ‘indiscutíveis’, seja onde for, esteja você de que lado estiver. A desculpa, a justificativa é sempre a mesma: discutir isso não leva a nada, a lugar nenhum. Como já se percebeu, a pauta se aplica sobre religião, futebol e política, que na ordem das ‘coisas’, seria política, religião e futebol. 

Esse negócio envolve a tão falada e inexistente Democracia, que sugere que o Poder emana do Povo. Emana o quê, se o povo não discute dois princípios básicos, de duas das principais pilastras da condição humana: política e religião? 

O povo, o cidadão não deveria fugir nunca ao seu direito de formar políticos honestos, capacitados, sábios, com aptidão para representá-lo e administrar o território. O político deveria, sempre, ser indicado pelo povo, nas bases comunitárias, nas comunidades organizadas. O político não poderia se auto proclamar candidato, fazer alianças que lhe favoreça e seja contra ideais da sua base. Aliás, não precisamos de mais do que dois partidos. Seria aceitável a pluralidade, se fossem realmente isentos de conchavos nas suas premissas básicas - a realidade: misturam-se de acordo com as vantagens que surgem para as lideranças. 

A falta da discussão política entre o povo, o medo da discussão da política, a covardia em discutir a política, ocorre porque ninguém quer ser contrariado. A maioria forma uma ideia política, escolhe um lado e parte cegamente, apoiando, falando, aplaudindo, repercutindo, compartilhando, sem regras, sem porteiras, sem o mérito, sem caráter. A qualidade dos políticos atuais avaliza essa constatação.  

E não existe nada melhor para o político, esse homem que só enxerga poder, dinheiro, mais poder, status, bens, mulheres, do que um povo desorganizado, que não enxerga e não assume o seu direito mais elementar, mais importante, que é escolher uma liderança que tenha o seu povo como principal prioridade.

Nada é tão importante e tão pecaminoso quanto a política na vida do povo. O político sabe que o  povo necessita dele em tudo, pois desde o princípio, preparou códigos, tratados, decretos e leis capazes de assegurá-los e mantê-los no poder, sempre, vitaliciamente.  

E se tudo isso não se fez bastante para a segurança política, primeiro, criaram o espetacular ‘circo’ (arenas, coliseu) para entreter o povo, que via seus desafetos morrerem, devorados por leões famintos ou por legionários sanguinários - enquanto, na sala do trono dos palácios se tomavam decisões precisas para manter aquela turba sob ordem e obediência. Hoje temos o futebol, alienante, divisor, espetáculos deprimentes, violento, dissimulado, capitalista, enganador.

Qual o real valor que o homem subtrai de torcer loucamente por um futebol desse nível, afora o fato de se sentir vitorioso em relação a outro, de quando em quando, enriquecendo alguns, sendo que isso não se transforma em coisa palpável, decente, evolutiva? Apenas explora o sentimento de revanche e mantém o indivíduo longe, à  parte, à revelia do que realmente interessa e incomoda. 

E quando isso pareceu pouco, os políticos (no caso, os Reis do início da época  cristã) trouxeram para debaixo do braço, os ideais de povo cristão, sofrido, que se rebelava contra o poder (de Roma), transformado em perseguição, maus tratos e desordem, e criaram a conceito de religião, aproveitando-se do que combatiam ferozmente, havendo, como se sabe, crucificado o principal líder rebelde, em tempo anterior. A religião, como conhecemos, foi moldada por reis e súditos mais inteligentes, nos palácios de Roma e de Constantinopla, 300 anos depois de matarem Jesus, que impuseram ao povo, de forma determinante, forçada, passada em latim, ininteligível para a maioria, o que se traduzia, segundo a vontade do Rei, do Imperador, na palavra e vontade de Deus. Tudo criado, forjado, para dominar o povo. 

Em tempos remotos, discutir a política dos reis, discutir os espetáculos promovidos pelo reino, discutir a religião imposta pelo rei, que era, em muitas e muitas ocasiões, Rei e Papa, era como cavar uma cova e se enterrar vivo. Era perigosíssimo. Era terrível. Geralmente, a pena consistia em ser preso numa cela porão (masmorra) até definhar e perder o juízo, ser despelado vivo sob dores atrozes e, depois, ser decapitado, ser esquartejado e ter a cabeça pendurada nas ameias do castelo, para todos verem e sentir o medo. Ou ser amarrado sobre uma fogueira e ser queimado vivo. Quem sabe ser enforcado. O medo, sabe?  

Então, naquele tempo não valia à pena discutir, não é mesmo?  Tudo isso foi imposto, sem trégua, sem retrocessos. Até que as coisas foram mudando. Houveram guerras, tragédias, revoltas, cataclismas, poucos reinados continuaram, os indivíduos se tornaram cidadãos, com direito a escolher seus representantes. Isso parece ótimo. Mas, escolher dentro de um conceito é de uma lógica criada por eles, os políticos. Eles concederam o direito de escolher, mas ditaram as regras e apesar da derrota de alguns, eles se mantém no poder, desde sempre. De país para filhos. Discutir o quê? 

Todos já ouviram dizer que o político só escuta o povo, quando esse se reúne e vai para praça pública reivindicar. Os franceses, os coreanos, os ingleses, os alemães, já aprenderam isso muito bem. Mas ao resto do Mundo, falta coragem para discutir os seus problemas. O político escuta mesmo? de araque. Sabe que concedendo algumas pequenas pseudo vantagens, o povo se cala. Pseudo porque dá de um lado e retira do outro, aumentando preços ou impostos. Isso não se discute. 

Vale dizer que: Deus, Criador, não tem nada a ver com isso daí. Está mais do que provado que Ele não se mete nas coisas mundanas, faladas acima. Senão, estaria tudo certo. Mas a maioria das pessoas pensa que sim e suplicam que Ele resolva tudo, livrando-lhe da sua responsabilidade. Não adianta jogar a bola para Ele. Esse jogo é dos homens. Os homens precisam entender que os seus problemas precisam ser discutidos e resolvidos por eles mesmos. 

É preciso, necessário, urgente, que se discuta política, que não se tente impor seu ponto de vista sobre ficha limpa, capacidade, projeto, atividade, objetivo, resultado, clareza, moralidade. O Mundo está carente disso. Os resultados negativos e horrorosos estão à vista em toda parte.

É preciso discutir política e ajustar tudo que está errado nessa sociedade, que se mantém primitiva em conceitos tão importantes.


GG Carsan


"G. G. Carsan é cidadão do mundo, gosta de caminhadas na natureza, tocar violão nas horas de folga, passar horas na internet papeando com os amigos, escrever editoriais e matérias nos seus grupos e páginas, preparar novos livros e poesias (quatro livros sendo finalizados e outros cinco iniciados), manter os storys atualizados, viajante internauta pelas imagens e mapas, faz caminhadas de verdade e adora um vinho da Serra Gaúcha... é um escritor brasileiro cujo principal lema de vida é valorizar a justiça, a honra e o caráter; escreve histórias reais e ficções e tem quatorze produções publicadas entre livros físicos e e-books (o último: Crônicas Que Não Querem Calar, de março de 2025). É um colecionador, divulgador e historiador do personagem de quadrinhos TEX, com uma dúzia de exposições em eventos pelo Brasil, quatro livros publicados, páginas e grupos na internet desde 2002, cinco temporadas no canal do youtube "Tex Show", uma dúzia lives na página Texianos Live Show e foi o primeiro cosplay do personagem no Brasil.


Para conhecer um pouco mais sobre GG Carsan, escute o episódio de nosso podcast, o Coletive Som, gravado com esse grande pard. Clique Aqui.



"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

COLETIVE ARTS, 07 ANOS DE VIDA,
SENDO A MAÇÃ DE ALGUNS,
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2 Comentários

  1. Muito interessante a tua ideia, G.G! Parabéns pela coragem de expor! Política, religião e (sei lá por quê!) futebol são temas de brigas. Eu dou aula para uma turma de primeiro ano com Projeto Integrador. Essa matéria traz muitas discussões, inclusive políticas e religiosas. Mas é bem difícil debater temas que falam do orgulho do ser humano. Meu palpite é que as pessoas depositam e projetam toda a sua luz nos políticos e religiões. Atacar um deles é o mesmo que pisotear nelas. Quando pudermos nos ver de verdade, reconhecer quem realmente somos e nos aceitar, então teremos a paz de escutar o pensamento oposto dos outros sem querer que eles sejam ou mudem para o que queremos. Somos imaturos, não importa a idade.

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    1. Obrigado por participar, Miriam. Sim. Você está certa. De modo genérico, os humanos tendem ao bem-estar total - por isso, tantos eletrônicos, automáticos e IA -, empurrando o que for possível para os outros, para depois, para quando for possível. Mas vejamos: a farra, a folia, a viagem, o descanso, só se posterga em último caso.
      Tudo isso,.somado, multiplicado, dá na inércia atual. Até mesmo discutir o básico, o importante, dá fadiga, estressa, portanto, não vale à pena.
      E se for pra resolver, parte-se para a ignorância, na tentativa de resolver logo.
      E para todos os outros casos, não se faça nada. Deixe rolar.

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