DOSSIÊ KOBIELSKI

 O MISTERIOSO “ESPÍRITO – QUE - ANDA” CONTINUA NOS ENCANTANDO

O Fantasma é um dos mais importantes personagens das histórias em quadrinhos, fato comprovado pelos seus quase 90 anos de publicação. Oriundo das tiras de jornaisdaily strips – de 1936, o Fantasma conquistou em pouco tempo uma legião de fãs de quadrinhos de aventura pelo mundo todo. No Brasil não foi diferente. Até hoje encontramos colecionadores de gibis do “espírito que anda” que guardam com carinho seus intocáveis exemplares.

Existem imagens que não saem da nossa retina. Ficam cristalizadas para sempre em nossa memória afetiva. Lembro como se fosse hoje, e já se vão quase 50 anos. Desembarcava do ônibus na praça principal da cidade de Canoas, para ir à escola, ali próxima. Atravessava a avenida como fazia todos os dias, para encontrar no outro lado a banca de revistas. Essa rotina era diária, desde que descobri os gibis. Mas naquele dia encontrei, em meio a inúmeras publicações, algo diferente de tudo que já tinha visto até então. Era um álbum gigante, formato tablóide. A capa bem desenhada por um tal de Walmir (que depois descobri que se tratava de tratava do Walmir Amaral), trazia o Fantasma pensativo, sentado em seu “trono”, no interior da caverna da caveira. Eu já conhecia o Fantasma das páginas do jornal Correio do Povo, mas aquela imagem na banca de revistas me fascinou. Fascinou tanto, que fui em busca de outros gibis do personagem mascarado.

Assim como eu, diversas gerações de leitores também tiveram esse encantamento pelo Fantasma. E ao mesmo tempo, sempre me perguntei o que despertava nos fãs esse encantamento pelo herói mascarado. Seria o seu uniforme colante, de um herói alto e forte? Seriam suas duas automáticas cuspindo balas nos diversos vilões por ele enfrentado? Ou talvez, as inúmeras histórias bem escritas pelo seu criador Lee Falk? Ou ainda, a arte dos diversos desenhistas que passaram pelo personagem, especialmente Ray Moore, que foi o primeiro? Com tantos adjetivos (ou qualidades?) fica difícil para um fã, definir qual aspecto chama mais atenção no seu herói preferido. Confesso que quando li a minha primeira aventura do herói - “Os piratas de Singh” - o que mais me instigava naquelas páginas era o clima de mistério que a história apresentava. Desde as primeiras tiras dessa história, a forma como o personagem aparecia e, logo em seguida desaparecia, deixava-me muito intrigado, e não via a hora de ver ele aparecer novamente. Imagine quantas tiras de jornal, quantos dias ou quantas semanas foram necessárias para que o leitor dos idos da década de 1930, fosse ter o seu primeiro encontro com o herói anunciado. E sempre quando aparecia, ficava, quase que totalmente encoberto pelas sombras, tão bem desenhadas por Ray Moore, o que aumentava ainda mais essa atmosfera de mistério. Essa atmosfera de mistério que aparecia nas histórias do Fantasma, talvez fosse uma constante, não só na ficção, mas também na sociedade da época, que tinha poucas informações de mundos desconhecidos como a África e a Ásia. Enfim, talvez o Fantasma não seja o herói mais popular das histórias em quadrinhos na atualidade, mas sua importância para que o gênero de super-heróis se consolidasse é inegável. Todos os heróis ou ”supers” que surgiram após 1936, tem como referência e modelo o personagem criado pelas mentes brilhantes de Lee Falk e Ray Moore nos longínquos anos de 1930. 

Mas, esse encantamento pelo Espírito - Que - Anda não poderia ficar represado apenas nas leituras de seus gibis e nos cuidados com minha coleção do personagem – que nem é tão grande assim. Em 2016, quando Fantasma completava 80 anos, como um fanzineiro iniciante, tomei coragem e dei um passo a frente: editar uma publicação para homenagear meu herói favorito. E aí nasceu, em outubro desse ano, o Artzine Fantasma 80 anos, que foi lançado junto com a Expo-Fantasma, no 11º Mutação, evento de fanzines e quadrinhos, dentro da Feira do Livro de Porto Alegre. Esta publicação – que chegou a cinco edições (meu brother Denilson Reis disse que é bom número para encerrar uma publicação), contou com a inestimável colaboração de mais de setenta artistas, além de prestar um tributo ao Fantasma, também presta uma homenagem a todos os fãs que ainda cultivaram, assim como eu, sua paixão por esse ícone dos quadrinhos de aventura. Vida longa ao “Espírito – Que- Anda”. Rumo aos 90 anos do Fantasma. 2026 é logo ali.



E, depois de tanto tempo, estou aqui homenageando um dos heróis que marcaram minha infância. Esta publicação, além de prestar um tributo aos 80 anos do Fantasma – personagem criado por Lee Falk / Ray Moore - , também quer homenagear todos os fãs que sempre cultivaram, assim como eu, sua paixão pelo “Espírito Que Anda”. Estão reunidos aqui nessas páginas, alguns dos grandes artista.

Ao editar essa publicação, o objetivo era prestar um tributo não só ao personagem – o que já seria importante –, mas também a esses “heróis da resistência”, que nunca abandonaram a paixão e admiração pelo Fantasma.

O volume nº 1 desse projeto me proporcionou a ampliação de horizontes, tendo grande satisfação com o resultado. Não só pela publicação em si, mas pelo que ela causou nos fãs que dividiram essa alegria comigo. 

Nesse volume nº 2 a minha alegria só aumentou. Tanto pelos diversos artistas do traço, que contribuíram com belíssimas ilustrações, como também pelos textos escritos por colaboradores. O conto do Fantasma, escrito por Glaucio Cardoso, está demais. E por último, não poderia deixar de dividir com vocês uma HQ inédita do nosso herói, escrita por esse que vos fala e ilustrada pelo jovem e talentoso Henrique D’Artangnan. 

Ou seja, concluo que esse volume está cumprindo seu papel de apresentar o Fantasma para novas gerações. Aproveitem. Boa leitura e longa vida ao Fantasma!





Dia 17 de fevereiro de 2016:
Fantasma 90 anos
1936 - 2026
Programação especial aqui no blog do Coletive, em breve programação do evento!



Fantasma 90 anos é um evento do ColetiveArts em parceria com o grupo  Fantasma - o espírito que anda (face)  e com o canal Fantasma Brasil (YouTube)

Paulo Kobielski

Paulo Kobielski é professor de História com especialização em Filosofia e Sociologia pela UFRGS. Trabalha com fanzines  e quadrinhos na educação. é uma espécie superior de gaúcho, pois é gremista!, escreve a coluna Dossiê Kobielski, para ler, clique Aqui.

Dizem que Paulo viajou no tempo para enfrentar os extremismos e os ódios através da educação, da cultura e dos quadrinhos, e que guarda em seu roupeiro uma roupa e uma viseira de mergulhador.

Paulo conquistou  o Troféu Ângelo Agostini de melhor fanzine no ano de 2020, confira matéria Aqui.
Também é um dos apresentadores do podcast cultural Coletive Som, A voz da Arte. Para escutar os episódios clique Aqui.
Confiram o episódio n# 02, apresentado por Patrícia Maciel e Luciano Xaba, entrevistando o Paulo Kobielski, clicando Aqui.

"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

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2 Comentários

  1. Mister Kobielski é um pilar importante da resistência em favor dos quadrinhos, em todas suas instâncias. Parabenzaços.
    G. G. CARSAN

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  2. Grande Paulo, um legítimo “Herói da Resistência”, parabéns pela bela iniciativa de homenagear nosso amado personagem!! Forte abraço!
    FÁBIO RAMIRO FUHR

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