Sensibilidade
Comecei a escrever meio que por acaso. Servidor Público atuante na Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Gravataí – RS, uma de minhas incumbências é dar suporte em eventos, feiras e demais atividades do setor cultural. E assim conheci Jorginho!
Jorginho é um cara interessante. Um dos fundadores e gestor da ColetiveArts, um grupo muito bacana que agrega uma gente talentosa das mais variadas vertentes artísticas, está há três anos com uma parceria de muito sucesso com a prefeitura de Gravataí, com esta Secretaria. E tem um dom. Enxerga um algo a mais em cada um, independente de quem seja. Enxerga um ser artístico, uma veia qualquer que seja, e busca explorar aquilo, incitando, atiçando, buscando um algo a mais, uma sensibilidade que cada um de nós tem. E assim, a tempos este amigo vem me provocando a escrever. Eu, que sempre falo, mas até agora era só um FALAR, daquelas coisas que dizemos por dizer, de que um dia vou escrever um livro sobre isso, ou sobre aquilo. Enfim ...
Dia destes, não mais que três meses passados (estamos entrando em agosto de 2021), a Coletive fez um podcast comigo. Um programa mensal ao qual entrevistam, através de podcasts, pessoas da comunidade local que vivem e trabalham cultura, e devido à minha atuação na Biblioteca Pública Municipal e demais afazeres, fui convidado. Uma
honraria! Bate papo bem interessante, onde Luciano Xaba e Patrícia Maciel proporcionaram uma hora de conversa muito boa, e Patrícia, boa entrevistadora que é, conseguiu me instigar, despertar um lado ao qual eu sabia que existia em mim, mas não havia explorado ainda. A Escrita Literária!
Para escutar clique aqui |
Nossa mente é extraordinária ... as sinapses cerebrais entram em ebulição, trabalham, interligam saberes, pensamentos, ações. Lembrei de uma série de textos que escrevi para a Faculdade, procurei. Muita coisa boa, guardada, feita para o meio acadêmico, mas pronta para sair para o público. E assim comecei, adaptando textos prontos que fiz para a faculdade com o objetivo de torná-los atraentes para o grande público. E assim, Jorginho criou a coluna no blog, e o nome pensado por mim referenciava esta junção de saberes, esta intertextualidade, Tecitura.
Começaram com textos dissertativo-argumentativos, pesquisas, exposição de motivos, a base era o meio acadêmico. Estou ainda em processo de Percurso de Autoria, descobrindo e redescobrindo meus potenciais, meu estilo. E assim, fazendo pesquisas e escrevendo, estou evoluindo. Nestas, Ferreira Gullar foi um prazer em trazer para a coluna ... o cronista Stanislaw Ponte Preta foi a realização de um sonho, um dos meus grandes ídolos no meio literário. Mas Natasha, um texto em primeira pessoa, onde disserto sobre o maravilhoso livro Deficiência e sobre sua escritora, Natasha Marques, foi especial. Nascia ali uma veia de cronista.
Dia destes, pensando em criar textos mais íntimos, mais pessoais, escritos em primeira pessoa, pensei em poesia. Engraçado, peguei um livro de crônicas para me inspirar, Caixa de Guardar Vontades, do amigo Emir Rossoni. Sempre gostei de crônicas. Stanislaw Ponte Preta é meu ídolo, lia muito também David Coimbra devido à época em que assinava a Zero Hora, Luis Fernando Veríssimo, e tantos outros. E tem este ótimo escritor, Emir Rossoni. O livro dele, este que eu tenho, é um achado! E li a crônica Novenas. Fiquei encantado com o estilo, a pessoalidade, a apresentação, a forma como rememora acontecimentos, a sensibilidade no trato com as palavras e a transmissão da mensagem. Tive uma aula, lendo as crônicas deste livro, e esta me tocou sobremaneira. E eu queria escrever poesia!
Enfim, domingo último e um fato me tocou, notícia nacional. Vandalismo com ateamento de fogo na estátua de Borba Gato, em Santo Amaro, bairro de São Paulo. Um turbilhão de imagens, memórias, uma outra vida, uma outra época vieram à minha mente. Tenho familiares, amigos nestas imediações, e morei junto com minha família lá. Era preciso escrever! Seria uma poesia linda ... digna de Vinícius de Moraes ou Cora Coralina ... e pronto! Entrei em transe ... duas horas pensando, teclando, revisitando memórias, lugares, pessoas ... as pessoas! Como são vivas em nossos pensamentos, não? Precisamos apenas fazer este exercício de resgate, elas vivem lá, guardadinhas em nossa mente ... será isso a caixa à qual Emir se referiu no título de seu livro, Caixa de Guardar Vontades? Terei que perguntar para ele ... ou ler partes do livro que ainda não li, a resposta deve estar lá! Mas enfim, minha poesia ... terminei. Mas não saiu poesia. Saiu uma bela crônica! E assim me descobri, e assim comentei com minha filha ... filha, se te perguntarem que tipo de escritor teu pai é, responda: meu pai não é poeta, meu pai é cronista! Pelo menos por enquanto, ainda estou “experimentando”! Mas dei um passo importante, saí do padrão acadêmico, dissertativo. Estou Cronista! Valeu, Emir, valeu Stanislaw! Me inspiraram! Acho que este é o propósito do escritor, construir um diálogo com o leitor, e através deste, ensinar, trocar ideias, mediar conhecimentos, estabelecer uma comunicação ... inspirar!
Foram dias produtivos, escrevendo muito, textos bem amarrados, bem escritos ao meu
ver, e com boa aceitação. As pessoas têm gostado! Tecendo pensamentos, interligando
ideias, instigando a imaginação, este é o propósito.
ver, e com boa aceitação. As pessoas têm gostado! Tecendo pensamentos, interligando
ideias, instigando a imaginação, este é o propósito.
Hoje meu amigo Jorginho ... Jorge Luis, mas ele não gosta de ser chamado assim, prefere Jorginho, o pai da Gabiju, uma personagem de HQs, participou de uma Live via Instagram na página de Vivi Rocha, @defrentecomvivi ... como esta turma da cultura tem se reinventado, não? Esta fase de pandemia fez com que muitos começassem a criar conteúdo online – a Coletive, inclusive – riquíssimos, tenho acompanhado cada coisa bacana! E foi uma bela entrevista! Abarcando temas importantes, envolvendo arte, cultura e educação, temas sensíveis como saúde mental, o papel das artes no desenvolvimento do ser e na criatividade das pessoas, impressões pessoais, outras íntimas, ambos, entrevistado e entrevistador, sem se abster de assuntos complexos.
Cada vez mais minha percepção sobre este meio, sobre os artistas e sobre aqueles que
desenvolvem esta sensibilidade de alguma forma, se solidifica. A sensibilidade do/da artista é um algo a mais. Não está, definitivamente, entre aquilo a que se convenciona chamar de “normal”. Ouso dizer que estão um passo a mais, que esta visão, esta sensibilidade confere aos artistas um degrau a mais na escala de evolução da humanidade. Hoje entendo a razão pela qual governantes autoritários ou regimes ditatoriais enxergam esta classe como uma inimiga a ser combatida. A criatividade confere esta visão, esta inquietude que parece ser um elo de ligação, uma liga que tem em comum o pensamento desta gente das artes, das culturas e do pensamento.
E Jorginho enxerga isso. Vê o artista em cada um, a potencialidade que temos, cada um com seu estilo, sua forma de expressar sua arte, seja nas palavras, seja nos traços, seja na fotografia, seja na representação corporal, seja no som, seja nas diversas formas de trabalho artesanal, seja na escultura, seja, seja, seja ...
Sandro Ferreira Gomes, Professor de Língua Portuguesa, Conselheiro Municipal de Políticas Culturais em Gravataí/RS, Servidor Público, Porto Alegrense, admirador das belas artes, do texto bem escrito e das variedades de pensamento.
Sandro Gomes |
03 ANOS DE COLETIVEARTS
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1 Comentários
Com certeza coletivo é um grupo participativo onde se divulga a Cultura sem visar lucro ou cinismo dando a todos a oportunidade de mostrar o seu talento conforme de mostra no seu grupo coletive movimento
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