NOITE DE CELEBRAR O QUADRINHO NACIONAL
As histórias em quadrinhos - ou Nona Arte, por mais incrível que possa parecer, ainda hoje levantam suspeitas por alguns setores da sociedade sobre sua verdadeira importância como elemento cultural e principalmente educacional. Sempre ressalto minha experiência pessoal com os gibis - como são chamadas as revistas de histórias em quadrinhos no Brasil. Falo aos infinitos cantos do Universo que “aprendi a ler com os patos”. Isso se deve ao fato de eu querer saber o que os personagens Disney como Pato Donald, Tio Patinhas entre outros, estavam falando naqueles balões de diálogos longos para um menino de seis anos. Daí para frente foram muitas descobertas de personagens e histórias fantásticas que não caberiam nesse pequeno espaço. Algumas, entretanto merecem ser mencionadas aqui. As histórias do universo da Turma da Mônica, os super-heróis uniformizados de cueca, o faroeste, aventuras na selva, o terror e outros. Em todos esses universos, inúmeros artistas – roteiristas e desenhistas, foram conquistando minha preferência e admiração ao longo dos anos. Além dos gringos – os estrangeiros, brasileiros também foram ganhando destaque. Nomes como Maurício de Souza, Ziraldo, Laerte, Luiz Gê, os irmãos Caruso, Claudio Seto, Júlio Shimamoto, Flávio Colin, Mozart Couto, Watson Portela, Gustavo Machado, entre outros moldaram as bases da Nona Arte tupiniquim.
Tudo isso só foi possível graças a um nome: Angelo Agostini. Agostini publicou, no dia 30 de janeiro de 1869, na revista Vida Fluminense, uma curta história chamada de “As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte”, nada mais foi a mesma coisa na cultura brasileira. A narrativa surpreendeu a sociedade da época porque trouxe críticas sociais de uma forma simples e divertida.
Angelo Agostini foi tão importante para a difusão das histórias em quadrinhos no Brasil que em 1984, uma turminha liderada por João Gualberto Costa, o popular Gual da capital paulistana, tinha membros como Jal, Jayme Leão, Fortuna, Henfil, entre outros, fundaram a AQC- Associação dos Quadrinistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo. Esse grupo estabeleceu o dia 30 de janeiro como o Dia do Quadrinho Nacional e é comemorado em todo o país desde então.
E a cidade de Alvorada/RS não poderia ficar de fora dessas comemorações. Desde 2015, um grupo de artistas, entre eles Denilson Reis, organiza o Dia do Quadrinho Nacional Alvorada. Na última quinta-feira (27/01), o CAQ - Coletivo Alvoradense de Quadrinhos esteve reunido no pub Garage 80’s para celebrar a 7ª edição do evento, já tradicional no município da região metropolitana de Porto Alegre. No evento foi ressaltada a importância do 30 de janeiro de 1869, data que marca a publicação da 1ª história em quadrinhos do Brasil, autoria do precursor Angelo Agostini. Estiveram presentes quadrinistas e entusiastas da Nona Arte como Denilson Reis, Jerry A. Souza e esse que vos fala. Também foi lançada por Jerry A. Sousa, a revista "Savage Worlds".
Savage Worlds (Mundos Selvagens) é uma publicação de histórias em quadrinhos voltada para o gênero fantasia, barbarismo & ficção. Publicada sob o selo independente Profecia Comics, é focada no mercado brasileiro, americano e europeu, com trabalhos de artistas profissionais e amadores talentosos. Com periodicidade trimestral é impressa e distribuída gratuitamente no Brasil (em português), via correio para leitores cadastrados ou em eventos de quadrinhos. Nos mercados americano e europeu será distribuída (em inglês) em forma de edições especiais com as melhores histórias encadernadas, apenas em eventos como as Comic Con. Com lançamento da edição #1 em setembro de 2021, traz como protagonista do título, Peryc, o mercenário – criação de Denílson Reis, do Fanzine Tchê.
Paulo Kobielski
Para ler o Dossiê Kobielski: AQUI
Denilson Reis
Para ler Três Pitacos Nerds: AQUI
Jerry A. Souza
Paulo Kobielski |
Paulo Kobielski é professor de História com especialização em Filosofia e Sociologia pela UFRGS. Trabalha com fanzines e quadrinhos na educação.
Paulo conquistou o Troféu Ângelo Agostini de melhor fanzine no ano de 2020, confira matéria aqui:
Também confiram o episódio do podcast Coletive Som com Paulo Kobielski:
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2 Comentários
Super, prof Kobielski.
ResponderExcluirViva o Dia Nacional do Quadrinho.
Viva o Dia do Quadrinho Nacional.
Mas bah! Viva. Os quadrinhos são nossa vida amigo Ge Ge. Temos uma produção intensa em nosso país. Aquele abraço.
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