O UNIVERSO CONTA

 

Naigaron

Capitulo I

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Capitulo II

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Capítulo II -  Um plano, um amor, uma esperança

parte 4


Laura olhou para Eduardo esperando ler algo em sua expressão, mas ele estava inelegível, completamente sério e sem nenhuma demonstração de sentimento. Olhou para Lira, com sua postura delicada, parecendo uma nuvem flutuando sobre o assento. Bufou de ciúmes, certamente Eduardo estava satisfeito com a futura esposa, pensava a garota.
 
- Não sabemos como vocês estão acostumados com os procedimentos de noivado. Lira e Liuk dormirão em seus quartos, acrescentamos mais uma cama, assim vocês aprenderão desde já a conviver como casados - disse Roul. 

- Eu não concordo! - Exclamou Laura, completamente perdida em sentimentos. Não queria aceitar que Eduardo já estaria perto de Lira e para piorar a situação, perdia sua privacidade tendo de conviver com um completo estranho.

- Você pode não concordar, mas é um costume nosso. - retrucou o Conselheiro.

- Nós nunca nos vimos antes! - ela continuou, olhou para Eduardo esperando que ele a apoiasse, porém o rapaz permanecia completamente em silêncio e sem esboçar nenhuma reação - Eu não me sinto a vontade de ter um homem estranho no mesmo quarto.

- Como eu disse, são nossos costumes. - disse Roul, levantando-se de sua cadeira e estufando o peito enquanto falava. Sua voz parecia trovão, lançados contra o peito de Laura - Você entenderá com o tempo. Os noivos aprendem a viver juntos antes da cerimônia, que é mera oficialização. A partir de hoje, vocês já são companheiros.

Laura ficou sem forças para revidar, estava sozinha naquela batalha perdida. Baixou a cabeça, mas seu corpo queria cair junto, estava perdida. Ao menos dormiriam em camas diferentes, disse a si mesma, tentando recuperar suas forças, mas outra voz lhe lembrava cruelmente da linda menina, flutuante como nuvem, que dormiriam delicadamente todos os dias seguintes no mesmo quarto de Eduardo. Como ela ainda podia se preocupar com ele? Como queria que todos esses acontecimentos matassem seus sentimentos inúteis por aquele amor proibido.

Quando saíram da sala de reuniões, Liuk ainda permaneceu com Eduardo, Roul e o Conselheiro dentro da sala. Apenas ela e Lira caminhavam em direção às escadas. Antes de subir, decidiu procurar Alue e desviu, dando uma última olhada na delicada noiva de Eduardo flutuando degraus acima com sua beleza e retidão - eram perfeitos!

- Alue, os dois filhos dos Dirigentes do Condado dos Ventos estão aqui! Dormirão em nossos quartos! E agora? - sussurrou Laura, desesperada, ao encontrar sua amiga sozinha na cozinha, queria gritar, mas sabia que alguém poderia escutá-la.

- Imaginei que chegariam por esses dias. - disse a serva, pensativa - Mas infelizmente não tem como mudar isso. Para todos, ele é o seu noivo e a partir de agora vai estar presente na sua vida mais que gostaria.

- Isso pode nos atrapalhar no plano?

- Ele pode querer andar com você pela casa, pode querer acompanhá-la aonde for, inclusive na ida ao povo Nômade.

- Se ele for comigo, vai ser mais difícil ainda de fugir!

- Infelizmente será… - concordou a serva - Mas não se preocupe! - Puxou a jovem para dentro de uma sala menor, com uma única mesa limpa e mais nenhum outro móvel. A sala tinha um clima diferente, era onde colocavam os alimentos prontos para proteger de qualquer sujeira ou bactéria. Não haviam janelas e o cheiro de limpeza era forte. - Vou te explicar o plano melhor, me escute! Quando chegarem no acampamento do Condado das Águas, serão recebidos pelo líder e direcionados aos seus dormitórios, pois passarão alguns  dias por lá. Os nômades já estão prontos para ajudá-la a fugir, virão buscá-la e
levá-la na primeira noite, quando todos estiverem dormindo, então ache um jeito de afastar Liuk por algumas horas.

- Como os nômades sabem que vou fugir? Por que irão me ajudar? Não entendo!

- Laura, eu sou uma nômade da água.

A garota ficou um tempo muda, olhando para a amiga e assimilando a revelação que já deveria ter sido sua desconfiança desde o início. Alue era diferente de todos, assim como ela. Só uma pessoa de fora daquele Condado e reprimida por suas leis poderia entender o que ela passava.

- Por isso sabe tanto sobre os Nômades e a guerra… - disse por fim.

- Sim! Estou aqui em uma missão, mas consegui entrar em contato com meus irmãos de clã. Eles já sabem de tudo que está acontecendo e irão te ajudar! Confie.

Laura pegou as mãos da serva, olhou firme em seus olhos e disse: eu confio! Era o momento de coragem. Não tinha mais como desistir ou voltar atrás. Seu destino não seria casada com um homem estranho e vivendo para sempre sobre as ordens e boa vontade do Conselho Geral e dos Condados.

As duas saíram da sala combinadas de que continuariam a se comunicar através de bilhetes deixados em um livro na Biblioteca chamado “O horizonte de Naigaron”, um livro de geografia, completamente adaptado pelo Conselho Geral e que poucos mexiam, por ter uma leitura maçante e sem graça.

Laura subiu as escadas sentindo suas pernas bambas pela descarga de adrenalina. Desde que chegara naquela casa, nunca mais se sentiu segura ou pode descansar. Estava sempre estressada, com medo ou percebendo a sua liberdade ser reduzida drasticamente. Seu emocional estava revirado. Para piorar, queria retornar ao quarto, deitar e dormir até o dia seguinte, porém um homem estranho estava nele a partir daquele dia ela não teria mais sua privacidade.

Decidiu mudar de rota. Entrou na biblioteca, se atirou num dos sofás que ficava próximo a janela e ali ficou até o cair da noite, observando as nuvens passarem no céu e tentando não pensar mais nos acontecimentos recentes.

Quando finalmente a noite se anunciou, Alue entrou na biblioteca a procura da jovem.

- Laura, procurei você por todos os lugares! Hoje a Diretriz organizou uma janta em família para recepcionar os recém chegados. Precisa ir para o seu  quarto se arrumar agora! - disse, pegando a garota pela mão e a levando para o quarto. Ao chegar, ela percebeu que o novo colega de dormitório não estava.

- Liuk não está aqui,ainda bem… - disse Laura, suspirando de alivio.

- Ele arrumou suas coisas hoje mais cedo e logo saiu com a irmã para caminhar pelos jardins da Casa Principal. Mas se te consola de algo nessa história toda, eu soube que você não é a única que está infeliz. Eu soube que a irmã de Liuk, Lira, também não quer se casar com Eduardo.

- E Liuk?

- Ele não manifestou nada. Talvez seja como Eduardo, obediente aos pais.

- Não consigo imaginar aquela nuvenzinha lutando contra as ordens dos pais - disse a garota, com tom de desdém. Alue riu do ciúmes da jovem e tratou de apressar o banho da garota e as roupas novas.

As duas desceram as escadas e se separaram na entrada da sala de jantar. Uma mesa pequena, oval, com todos sentados, a aguardava. Todos já estavam sentados e servidos quando Laura entrou. O único acento que sobrara ficava entre Liuk e Eduardo. A jovem sentia-se tonta, caminhando em direção ao seu grande amor e o seu futuro noivo. Sentou-se ao lado de ambos, segurando suas emoções nos punhos cerrados.

- Onde esteve durante o dia ? - Indagou a Hannat.

- N-na biblioteca - respondeu timidamente, gaguejando de nervosismo. Suas mãos tremiam então as deixou de baixo da mesa, começaria a se alimentar assim que todos tirassem os olhos dela. Olhou para a direção de Eduardo e percebeu Lira sentada do outro lado. Seu sangue esquentou na mesma hora ao vê-la mais linda que antes, o nervosismo deu lugar à vontade de se mostrar. Queria que “ele” visse o quanto ela não se importava com o seu casamento assim como “ele” não se importava com ela. - Gosta de ler, Liuk? - indagou, sorrindo alegremente para o convidado. Liuk ficou surpreso com a repentina forma dela olhá-lo.

- Sim. No meu quarto no Condado dos Ventos tenho uma pequena biblioteca. - respondeu o rapaz, nervoso com olhar de Laura para ele.

- Incrível! Gostaria de ter uma apenas para mim um dia também.

- Quando nos casarmos, posso pedir para colocar seus livros favoritos na minha biblioteca, assim ela será nossa. - Disse ele e a jovem. Era tudo que ela queria ouvir, olhou para Eduardo com o canto dos olhos, fingindo reparar num prato de salada da mesa, mas o rapaz estava de cabeça baixa, comendo seu alimento silenciosamente.

- Estou ansiosa para conhecer a “nossa” biblioteca então - disse ela, direcionando outro sorriso a Liuk.

Hannat, Roul e os Conselheiros Gerais pareciam inicialmente surpresos com a atitude de Laura, mas logo se sentiram vitoriosos por acharem que ela aceitara o futuro marido. Liuk e ela mantiveram sua conversa, que era acrescida de comentários dos Dirigentes. Naquela noite, pareciam uma família feliz. Até Lira participou do assunto contando como é a vida no Condado dos Ventos. Apenas Eduardo e os Conselheiros permaneceram quietos, escutando e saboreando a comida.


Continua no próximo sábado…


Miriam Coelho


"Quanto mais arte, menos violência. Quanto mais arte, mais consciência, menos ignorância."
- Ricardo Mendes

COLETIVEARTS, 06 ANOS DE VIDA,
CONTANDO HISTÓRIAS, 
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