Naigaron
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Capitulo II
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Capítulo II - Um plano, um amor, uma esperança
parte 2
No dia seguinte Laura acordou como se estivesse de ressaca, embora não tivesse bebido álcool - algo que não existia no seu condado, inclusive. Sua cabeça doía muito, o corpo estava cansado e permanecera na cama, atirada, mesmo depois de estar com os dois olhos bem abertos, fitando o teto. Lembrou de Eduardo, mas não tinha mais lágrimas derramar, estava seca. Lembrou-se da noite anterior, após a reunião, em que fora dormir chorando, após contar a Alue dos seus planos. A serva a orientou para tomar cuidado com os Conselheiros, porém acreditava também na possibilidade de fuga bem sucedida. Se ofereceu para ajudar com os planos detalhados, porém instruirá a garota quando estivessem perto da partida, porque tudo dependeria de como Laura se sairia com as encenações futuras. Não poderia demonstrar-se hesitante por completo com seu casamento, somente o natural de uma jovem que nunca conhecera o noivo antes. Laura indagou se casamentos arranjados eram normais em Naigaron e Alue afirmou ser comum apenas em casamentos entre pessoas importantes de cada Condado. Para os Nômades, o casamento dependia dos próprios noivos e da aprovação do grande Sacerdote. Como ninguém mais sabia onde ele estava, o próprio povo vota contra ou a favor. A jovem quis perguntar quem eram os Nômades das Águas e como aconteceu a guerra, porém Alue informou que a história era longa, alguém poderia desconfiar do tempo que passavam juntas. A garota decidiu que tentaria descobrir algo, novamente, na biblioteca da casa.
Laura pulou da cama ao lembrar-se da sua imensa curiosidade. Vestiu-se o mais rápido que podia, tomou seu mingau deixado sobre a mesa antes de acordar e dirigiu-se até a porta de seu quarto. Estava aberta! Saiu com muita alegria, saltando pelo corredor, porém - para a sua surpresa - esbarrou em uma das últimas pessoas a qual queria ver naquele momento, um dos Conselheiros Gerais de Naigaron! Reconheceu as mechas avermelhadas e a cicatriz que descia até a boca, como ele teria feito aquela marca?
- Onde vai, com tanta alegria? - indagou ele, entre os dentes.
- Sou livre novamente, não? - disse a garota, em afronta. A energia do Conselheiro atiçava ainda mais. Tinha pavor de pessoas autoritárias e controladoras. O menor sinal desses sintomas, deixava a jovem mais impulsiva que o normal. Ela mesma percebeu e segurou firme uma das mãos, para tentar se manter alerta.
- Sim… por enquanto - disse ele, lentamente, rondando a menina e a analisando de cima a baixo - tudo dependerá da forma como age. Não permitiremos que coloque em risco a paz ou a segurança do povo.
- Como que minhas atitudes podem interferir de forma tão destrutiva para um povo inteiro? - ela indagou, olhando com ironia e dúvida para o homem que a encarava por baixo do capuz. Se esforçou para enxergar seus olhos, ele percebeu e desviou.
- A senhorita pertence a uma família importante, aos dirigentes do Contado das Águas. Suas atitudes podem fazer mal ao condado inteiro, que refletirá nos demais - disse ele, modificando seu tom para algo mais solene - Ainda mais para nós, Conselheiros de Naigaron, que temos a incumbência de pacificar e unir a todos.
Laura se perguntou porque era tão importante para aquele grupo, realmente. Nem Eduardo recebia tanta atenção quanto ela. Eduardo era submisso, claro, porém também teria um foco em suas ações, se fosse tão importante quanto ela para os membros do Conselho. A jovem decidiu mudar seu tom, para que pudesse conquistar, aos poucos a confiança daqueles homens misteriosos, porém seu maior desafio era aquele homem que a cercava, sempre desconfiado e com uma energia de ataque.
- Estou me esforçando para aceitar minha nova vida, porém vou precisar de toda a ajuda possível para isso. Por favor, senhor Conselheiro, fique a vontade para me instruir sempre que achar necessário. - disse de forma solene, encerrando com uma reverência.
- Eu o farei.
- Estou indo à biblioteca para procurar livros de etiqueta e história sobre Naigaron, assim aprendo mais. Quer me acompanhar?
- Não.
Ambos se despediram e a jovem entrou na biblioteca orgulhosa de si mesma. Conseguira contornar sua atitude equivocada. Procurou, durante algumas horas, pelas inúmeras estantes de livros, porém não encontrara nada sobre os Nômades das Águas ou os motivos que levaram os grupos do planeta à guerra. Nos dias seguintes continuou procurando, folheando cada livro que carregasse um título histórico, porém não encontrou nada. Depois de dez dias nessa busca sem resultados, decidiu que perguntaria à Alue novamente, porém não poderia fazer isso dentro da casa, pois alguém poderia desconfiar da presença da serva em seu quarto por tanto tempo.
Laura foi até Hannah pedir a permissão para caminhar no jardim, sugeriu ir acompanhada de uma serva, para que não se perdesse. A Diretriz, que já não desconfiava mais da garota, aceitou o pedido e disse que poderia pedir a quem ela quisesse, mas não deveriam ir longe, pois os Conselheiros estavam no Condado.
Assim, Alue e Laura saíram da Casa Principal pela primeira vez juntas, para caminhar pelo bosque, ao redor da casa grande. Tiveram de colocar calçados impermeáveis, diferentes dos costumeiros, pois a terra era muito úmida e sempre surgia um riacho logo à frente. A garota ficou encantada com a paisagem, os pássaros muito coloridos e o cheiro muito vivo de natureza. Sentia uma energia única percorrer pelo seu corpo, como se aquela terra e aquele ar alimentassem sua alma, assim como as árvores e plantas eram alimentadas pela água. Laura sentiu-se conectada.
- Alue, quem são os Nômades - perguntou a jovem, por fim, quando se certificou de que ninguém as cercava no meio das árvores.
A serva pareceu um tanto surpresa com a pergunta, demorou um pouco para responder.
Continua no próximo sábado…
Miriam Coelho |
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