Naigaron
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Capitulo II
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Capítulo II - Um plano, um amor, uma esperança
Parte -6
- Não houve nada! - exclamou Laura, bufando - Apenas tive uma discussão com o novo Conselheiro. Que homem insuportável!
- O que? Você enfrentou ele mesmo? - indagou Liuk, estupefato com a audácia da garota. - Isso é normal de onde você veio?
A jovem refez a pergunta a si mesma. Na verdade, nunca conseguiu lidar bem com hierarquias. Desde a infância, perdeu muitos recreios da escola, presa na biblioteca ou numa sala de orientação, por enfrentar professores ou colegas. Claro que em muitos casos, tinha a sua razão, sua personalidade era considerada excêntrica, era alvo de muitas perseguições; o que a ensinou a se defender desde muito cedo.
- Laura ainda está totalmente adaptada aos costumes de Naigaron. - disse Alue, defendendo a jovem.
- Eu sei que você foi levada para longe da sua família quando ainda era recém nascida - disse ele, com compaixão pela jovem, que sentara na cama para se acalmar, enquanto a serva buscava o café da manhã de ambos - por isso vou ajudá-la sempre.
A jovem encarou o rapaz, que a encarava com muita ternura. Sentiu-se confusa. Em algum momento desde que foram apresentados até aquela manhã, ele passou a sentir-se realmente próximo dela. Fez um download de todas as próprias atitudes e lembrou-se do ciúmes que quis causar, porém jamais percebera que teria de arcar com as consequências disso.
Ambos tomaram o café da manhã no quarto. Liuk a lembrara do passeio pela propriedade e depois pelo povoado. Ela sentia curiosidade de conhecer mais sobre o Condado das Águas. Arrumou-se com a ajuda de Alue e desceram juntos as escadas rumo a porta de saíra. Ao chegarem na saída, deram de frente com duas pessoas os esperando, Lira e Eduardo, cada um em um canto da recepção.
- Finalmente chegaram! - exclamou a irmã, correndo para perto de Liuk - vamos?
Ele sacudiu a cabeça afirmando alegremente e os quatro sairam para aproveitar a manhã. Lura, Lira e Liuk caminharam lado a lado, apontando para a vegetação e os ambientes que os impressiona. Eduardo os acompanhava atrás, mais silencioso, respondendo apenas o que um dos três perguntava diretamente a ele.
Dado momento do passeio, enquanto os irmãos distraíram-se admirando uma planta exótica, Laura aproveitou para afastar-se sorrateiramente. Queria caminhar sozinha e usaria a desculpa de que perdera-se sem querer, depois.
O dia estava realmente lindo e a água que brotava das raízes das árvores preenchiam seus pulmões de forma revigorante. Pensou na sua nova liberdade e o que poderia fazer quando finalmente estivesse livre de todos. A primeira coisa que iria fazer seria mudar de nome. Se pudesse, mudaria as roupas e talvez os cabelos, assim ninguém a reconheceria facilmente. Parou em frente a um conglomerado de riachos, que quase formavam um lago. Olhou para o seu reflexo e pensou em quem mais poderia ter cabelos vermelhos naquele lugar. Não vira ninguém no Condado das Águas com cabelos ruivos. A única pessoa com fios avermelhados era o Conselheiro o qual tinha grandes conflitos.
- Onde você estava? - Indagou Liuk, vindo ao seu encontro. Ela voltou-se para o grupo e viu no mesmo instante Lira e Eduardo conversando um com o outro, sorrindo, realmente muito próximos. Uma imensa onda de energia invadiu o corpo dela. Um furacão a transtornou dentro do peito, turvando a sua visão, não conseguiu mais se concentrar. Andou com o grupo tentando sorrir e fingir que estava tudo bem, mas a cada instante, o casal parecia estar mais afinizado.
- Melhor voltarmos… - disse Liuk, olhando para as árvores que balançavam de forma muito diferente - está vindo uma tempestade.
O grupo se apressou, pois o tempo parecia realmente ter mudado desde que saíram de casa e não puderam ir ao povoado. Laura não prestava atenção em nada, só se deixava levar, já que tinha medo de perder o controle por fora, assim como se sentia desarvorada por dentro.
Ao entrarem dentro de casa, ela subiu correndo as escadas sem dizer nada a ninguém e invés de ir para o quarto, entrou na biblioteca, para evitar de se explicar para Liuk. Agachou-se entre algumas estantes e começou a chorar. Eduardo agia com Lira de forma muito diferente de como agia com ela. Isso era cruel. Como conseguiria suportar, até o dia da sua liberdade? Ainda tinha uma semana até a ida aos Nômades. Em uma semana, ainda poderia presenciar diversas cenas de amor entre o novo casal.
- Eu entendo que não está sendo fácil… - disse uma voz masculina atrás dela. Ela virou-se imediatamente, na esperança de que fosse Eduardo, porém era Liuk. Esfregou os olhos molhados e olhou para o rapaz, como se o visse pela primeira vez. Será que ele podia ler pensamentos?
- Como sabe pelo que estou chorando?
- Eu também me sinto mal. Estamos longe do lugar onde crescemos. Isso é assustador. Claro que logo irei voltar, mas você deverá se acostumar com um novo lugar logo em seguida.
A jovem suspirou de alívio, ele não percebera os sentimentos dela e seu amor proibido. Levantou-se do seu canto e o abraçou com carinho. Não o amava, mas já sentia um carinho de amiga por ele, que era tão carinhoso e atencioso com ela. Ela sentia que ele era como o sol.
Liuk se surpreendeu com esse abraço, porém o retribuiu com muita alegria. Ele estava começando a se apaixonar por Laura e mal via a hora de estarem finalmente casados e vivendo no Condado dos Ventos.
Ambos desvincularam do abraço depois de algum tempo e desceram juntos até a recepção novamente, onde encontraram Lira e Eduardo sentados no primeiro degrau, conversando sobre algo que os fazia sorrir. Laura segurou a mão de Liuk, que trouxe força para o coração dela, ele era a sua base, naquele momento, o que a munia de uma força alegre que carecia antes de conhecê-lo.
Lira levantou-se assim que avistou o irmão e correu em sua direção, questionando porque ambos haviam desaparecido por tanto tempo. Laura evitou encontrar os olhos de Eduardo, não queria se decepcionar ao ver claramente o novo amor que ele estava começando a sentir pela noiva.
Naquela noite, os Dirigentes convocaram a todos para outro jantar em família, o que não era normal, já que todos sempre jantavam sozinhos em seus quartos. Lira estava muito falante e animada, deixando Laura com ainda mais ciúmes, nunca devia ter saído de perto deles naquela manhã. Logo soube o que acontecera. Estava perto de tropeçar em um animal perigoso, quando Eduardo viu e a puxou no mesmo instante. Ela ficou imensamente grata a ele, que explicou sobre o perigo. Iniciaram uma longa conversa sobre tudo que havia no Condado e que ela deveria evitar ou poderia gostar. Não havia como não notar ou amar aquela linda, doce e bem falante criatura. Lira era de estatura pequena, tinha grandes olhos como o seu irmão e cabelos longos, do mesmo tom. Seus traços eram delicados e tinha a postura dos sonhos de Hannat para uma filha, inclusive ambas estavam muito afinizadas uma com a outra, comentando assuntos em comum e rindo juntas. O cenário irritou Laura profundamente, que passara parte da noite em silêncio, tragando grandes goles de suco para abafar qualquer palavra que queria fugir de seus lábios.
- Estou muito contente de ver que os casais deram certo! - disse Hannat, animada, principalmente os futuros Dirigentes do Condado das Águas. Laura via que Hannat tinha um profundo afeto por Eduardo, diferente de como se sentia em relação a ela como filha. Eram uma família e ela a intrusa. O que não conseguia entender era porque queriam tanto segurar aquela intrusa ali. Mas encontraram a forma perfeita se aprisionar a intrusa sem que continuasse a se meter no círculo familiar deles, a mandariam para bem longe, casada com um estranho e sendo o centro das atenções do novo lar que deveria cuidar.
- Por mim, poderíamos realizar as cerimônias de união semana que vem- concluiu Roul.
- Sugiro que seja depois do nosso retorno do acampamento dos Nômades das Águas - atirou-se ela, o mais rápido que podia.
- Concordo - apoiou Liuk com um sorriso para ela.
- Então está combinado, disse Roul. Primeiro resolvemos os problemas do Condado, depois oficializamos as uniões.
A noite se encerrou com outras conversas referentes à falta de organização dos comerciantes de ambos os Condados. Todos tinham clara a ideia que a união destes geraria mais efetividade nas exportações dos produtos para os demais grupos de Naigaron. Eduardo e Lira foram os primeiros a levantarem-se da mesa, Laura os acompanhou com o olhar.
Depois de um tempo, aproveitando a empolgação de Liuk na conversa com Roul, ela se levantou e caminhou em direção à porta com calma. Quando chegou às escadas, subiu-as correndo, com o peito arfando, querendo gritar. Tropeçou duas ou três vezes sem parar de correr, até que chegou à biblioteca. Entrou com o corpo dormente, parecendo de ressaca, fechou a porta atrás de si e quando ligou as luzes deu de cara com quem menos esperava, Eduardo, bem próximo dela.
A jovem não entendeu o que ele fazia ali, se sentiu mal por estar atrapalhando o espaço dele. Pediu desculpas de forma claramente atordoada e já ia se retirando quando ele a puxou pela mão contra seu corpo, a abraçou com força e - por fim - a beijou.
Continua no próximo sábado…
Miriam Coelho |
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