Naigaron
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Capitulo II
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Capítulo II - Um plano, um amor, uma esperança
Parte -7
O coração de Laura paralisou com a ação surpreendente de Eduardo. Só então ela percebeu que todo o momento que esteve em sua presença, seu coração batia muito, o frio na barriga surgia e o resto do mundo perdia qualquer valor diante dele. Ela deixou-se levar, pois nada mais importava além dele, esqueceu-se de quem eram, onde estavam e até do seus planos de fuga. Quando o beijo acabou, ele a abraçou. A jovem espreguiçou-se naquele abraço como um gato em cima de uma almofada e ali permaneceram, cada um absorto no seu sentimento. Ele falou primeiro.
- Não quero que você se case - disse ele, procurando os olhos da jovem. Ela percebeu que ele carregava uma expressão sofrida e arrependeu-se de todas as provocações que fizera desde o início.
- Achei que tivesse me esquecido….
- Não - disse e ficaram outro momento em silêncio. Ela o olhava com intensidade, gravando cada canto do seu rosto, como se quisesse gravá-lo em sua memória eterna, lembraria-se dele até mesmo em outras vidas.
- Então vamos fugir! - Disse ela, com um olhar implorativo. De repente sentia que tudo era possível. Por um brevíssimo instante flutuou longe, imaginando o futuro perfeito com o amor de sua vida.
- Você ainda continua com essa ideia louca? - perguntou surpreso. Soltou-se do abraço, mas ainda segurava a mão dela.
- Eu já tenho um plano!
- Não me diga que vai tentar escapar quando forem ao acampamento dos Nômades das Águas… - comentou ele, desviando o olhar para os próprios pés - é exatamente o tipo de plano que você pensaria.
A garota ficou surpresa com o comentário de Eduardo. Então ele prestava a atenção em sua personalidade? Sempre pensou que era invisível ou insignificante. Aquele rompante todo na biblioteca confundiu seus pensamentos. Afinal, se ele a amava, o que tinha em mente para ficarem juntos?
- Não podemos ir embora… aqui é nosso lar - ele disse.
- Eu não me sinto assim.
- Mas eu me sinto.
- Então o que foi isso tudo? - perguntou ela, largando a mão dele e o encarando com impaciência.
- Não sei… - respondeu, ainda olhando para o chão - eu estou confuso! Não quero perdê-la, mas não quero ir embora também! Não posso!
- Então o que sugere? Que sejamos amantes? Que vivamos uma farsa? Que nos casemos com aquelas duas pessoas estranhas, às condenando ao sofrimento também?
- Eu não conseguiria fugir! Para onde iríamos? É um planeta estranho! Você conhece outro lugar além daqui? Estaríamos soltos num mundo muito diferente. Eu prefiro ficar aqui. - ele suspirou e olhou para ela com outro olhar - os Conselheiros estarão nessa viagem e não vão tirar os olhos de você! Assim que voltar, nos encontramos aqui para pensar em algo melhor que essa sua ideia infantil de fugir! Achei que você tinha crescido, mas continua tão imatura quanto antes.
Laura o olhava paralisada e incrédula, Ele aproximou-se de novo, beijou-a na testa e caminhou para a saída rapidamente, fechando a porta atrás de si. Ela permaneceu na mesma posição, olhando na mesma direção, mas com o pensamento distante. Todo o amor que nutria por aquele homem durante tanto tempo a feria mortalmente mais uma vez, era como se fosse ferida fatalmente por uma adaga cravada em seu coração, mas uma maldição a impedisse de morrer, condenando-a a sentir dor eterna. Eduardo era covarde e essa conclusão a deixava muito confusa, pois nunca vira covardia nele antes. Pelo contrário! Ele usava roupas diferentes, quando o conheceu, e tinha atitudes muito únicas, destoando do grande grupo de adolescentes em fase escolar. Foi o que chamou a atenção dela e logo concluiu que ele era corajoso, capaz de enfrentar o mundo pelo que realmente queria. Ela errou?
Caminhou confusa até seu quarto. Aproveitou que Liuk ainda não retornara para deitar em silêncio e chorar até dormir.
No dia seguinte a jovem acordou com os barulhos de Liuk tomando a primeira refeição. Fingiu que continuava dormindo até que ele finalmente terminou de comer e saiu. Sentou-se na cama, recostando as costas e permaneceu um tempo imóvel, olhando para o horizonte da janela aberta. Lembrava-se da noite anterior e da breve alegria que teve, sucedida de imensa decepção. Desejou que houvesse algum remédio para sumir as lembranças que tinha de Eduardo. Se pudesse esquecer que já o conheceu antes e de seus sentimentos, certamente não sofreria mais. Mas esse desejo sempre era menor que o carinho que sentia por ele. Era seu primeiro amor. Nunca viu outro como olhava para ele. Só o fato de sentir tudo isso era mais que especial para ela. Agarrou-se a certeza de que já amou algum dia para convencer-se de que se for para ficarem juntos, a vida vai trazê-lo para ela de alguma forma. No momento, o importante era ir embora daquele lugar.
- Laura - disse Alue, interrompendo-a de seus devaneios. Assim que a garota avistou a serva, pulou da cama direto para um abraço. Precisava da sua confidente mais do que nunca, naquele momento. Mas Alue disse em tom baixo - Vou falar rápido, porque sei que estamos sendo vigiadas. - Segurou a garota pelos ombros, olhando firme em seus olhos - Você está decidida a fugir?
- Sim! - confirmou a jovem e antes que continuasse a resposta contando sobre o ocorrido da noite anterior, Alue continuou.
- Os Nômades das Águas confirmaram que irão de ajudar. Vou repassar o plano novamente, pois não teremos outra oportunidade. Ouça com atenção! Quando chegarem até os Nômades da Água, o grupo será recebido pelo grande líder. Na mesma noite, eles virão até o quarto em que você estará dormindo com Liuk. Quando estiver no quarto que lhe designarem, espere por eles, pois virão muito tarde, quando tiverem certeza de que todos dormem. Aja naturalmente! É importante que ninguém suspeite. Quando ouvir um som na parede, você terá poucos segundos para segui-lo. Tenha confiança neles! Uma vez que sair do quarto, não terá volta! Se o Conselheiro que te vigia conseguir te pegar, você sabe o resultado. Entendeu?
- Sim - respondeu ela, com medo, mas pior do que ir seria ficar..
- Ótimo! A partir de agora, não falaremos mais desse assunto. Lembre-se que estamos sendo vigiadas. Dentro de poucos dias você estará a caminho do acampamento dos Nômades das Águas.
- Alue… Voltaremos a nos ver?
- Depois que você partir?
- Sim.
- Sim!
Ambas se abraçaram novamente. Laura afugentava da cabeça a saudade que sentiria de sua nova amiga. Mesmo que ficasse, logo teria de se despedir, pois o plano de todos era enviá-la ao Condado dos Ventos. Aquela era sua oportunidade e graças a sua amiga e a família que esperava do lado de fora, tinha as forças necessárias para fugir com sucesso. A jovem guardou para si a promessa de que se encontrariam novamente, mesmo que ela também tivesse de lutar para isso.
Continua no próximo sábado…
Miriam Coelho |
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