Naigaron
Capitulo I
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Capitulo II
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Capitulo III
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Capítulo IV
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Capítulo V
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Capítulo V - Despertar Parte 5
- Sim, eu estive no Condado das Águas. - respondi, olhando-o com firmeza em seus olhos, empurrei o medo para o fundo do tapete, estava diante do meu maior inimigo.
- Soube que trouxeram a filha do Líder dos Nômades das Águas para o Condado e a apresentaram como a filha morta dos Dirigentes. - disse ele, balançando a cabeça e rindo brevemente - e lá mantém ela bem protegida de mim.
- Sim, Anabi é o nome dela.
- Mas esse não é o seu nome verdadeiro - ergueu uma das sobrancelhas.
- Tudo que me falaram foi isso…
- Hum… - suspirou ele e olhou para Sole. A serva deu um salto, me olhou com carinho, acenando com a cabeça como se dissesse para ter calma e se retirou do quarto. Não havia porta, assim que ela atravessou o batente e desapareceu, ele voltou-se para mim novamente. Sua expressão era de desafio - Então as servas da Casa Principal tem poucas informações sobre a vida dos seus senhores?
- Como eu disse, fugi de lá. A verdade é que não fiquei por muito tempo e tinha medo dessa menina estranha, que veio de um outro planeta, com modos mais estranhos ainda! - retruquei sem pensar, mergulhando na minha nova personagem.
- Então vai é dizer que nunca ouviu falar sobre a profecia que menciona ela e a mim? - indagou com afetada calma. Parecia um gato se divertindo com a comida antes de engolir.
- Sim, eu soube.
- Então sabe que eu vou matá-la… - mencionou, ainda com calma afetada. Eu engoli a seco a afirmação.
- Sim… - respondi, ainda mantendo meu olhar fixo nos olhos dele. Não queria demonstrar medo.
- E quer protegê-la! - ele afirmou com veemência, como se encontrasse a resposta do enigma.
- Não! - exclamei, forçando uma risada e dando de ombros.
- Por quê? - Ergueu novamente uma das sobrancelhas. Respirei fundo, aquele jeito de menina olhar e de agir, como se fosse um tigre rondando a caça estava me incomodando. Eu poderia ser o tigre também, se fosse preciso!
- Porque eu não fui criada com meu povo Nômade! Meus pais foram capturados durante a grande guerra, mataram eles logo que nasci. Fui mantida numa prisão pelo Conselho durante anos e cresci distante de todos, sendo tratada da pior forma! - exclamei, sem nenhuma pausa, me surpreendendo com minha capacidade de inventar - Depois, quando se cansaram de me alimentar, me enviaram para servir gente rasa e submissa. Um teatro que eu não consegui sustentar! Para mim, o destino daquelas pessoas ou desse planeta não me interessa! - Levantei-me da cama e caminhei até ele, encarando-o com uma coragem que nunca tive em toda a minha vida - Tudo o que mais quero, tudo o que sempre quis, é a minha liberdade! E não importa qual seja o preço, senhor, mas vou consegui-la!
Liugh me olhou com surpresa. Nem eu, nem ele, esperávamos a minha atitude. Talvez eu estivesse cansada de tudo que havia vivido, talvez a minha adrenalina de sobrevivência tivesse atingido outro patamar. Eu sentia, naquele momento, uma força que nunca sentira antes. Ele me olhava como se sentisse essa mesma força em mim.
- De alguma forma, nos parecemos, Lau. - disse, por fim, rindo como se admitisse isso a si mesmo - Sole vai ajudá-la a se vestir e apresentar o nosso Condado. Eu sou o líder, qualquer coisa que acontece aqui e todos que aqui estão são minha responsabilidade. Por enquanto, você será minha convidada. Veremos qual será o seu destino…
Ele sorriu ao dizer a última frase, deu as costas para mim e caminhou com tranquilidade até a porta. Era o tigre de território firmado. Tudo era dele. Estava tão confiante, que partia embora tranquilo, sem medo de mim ou de qualquer coisa. Antes de passar pelo batente, olhou-me novamente. Meu estômago esfrio no mesmo instante, os olhos dele me causavam medo, mas mantive-me na mesma postura firme. Seu último olhar não foi de desafio, nem de desconfiança ou dúvida. Parecia ler algo em mim. Mas antes que ele saísse eu indaguei.
- Por que me salvou dos Bestais?
- Você me fez lembrar alguém… - disse e saiu antes de eu continuar qualquer outra pergunta.
Caí na cama, respirando profundamente, sentia como se tivesse prendido a respiração todo aquele tempo. Fiquei pensando em tudo que aconteceu desde o momento em que nos vimos na floresta. Eu o fiz lembrar de alguém? Quem? Será que ele sabe quem realmente sou e está jogando para ver até onde vou com a mentira? Não, não pode ser. Ele não teria me mantido aqui esses dias, cuidando dos meus ferimentos, para fazer esse tipo de jogo. Se soubesse quem eu sou, já estaria morta junto dos Bestais. Minha mentira é boa e pode me ajudar, uma pessoa mantida em cativeiro a vida inteira tem pouco conhecimento de Naigaron, tudo que ele me perguntar e eu não souber poderei manter a consistência.
Continua no próximo sábado…
Miriam Coelho |
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