
Naigaron
Capitulo I
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Capitulo II
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Capitulo III
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Capítulo IV
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Capítulo V
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Capítulo V - Despertar Parte 6
Acordei me sentindo mais viva que antes. Lembrei do dia anterior ao abrir os olhos, como se baixasse um programa no computador. Fiquei um tempo na cama olhando para as minhas mãos, os ferimentos em processo de cura e para o ambiente ao redor. Tudo era simples, não tinha os mesmos confortos da Casa Principal, ainda assim me agradavam. Me senti viva! Há muitos dias que não dormia em uma cama, não comia de verdade e não estava entre outras pessoas além de Liuk. De repente eu gritei num pulo, “Liuk!”.
Caminhei nervosa dentro do quarto, como se pudesse fazer alguma coisa, mas não sabia por onde começar. Onde ele estava? Já haviam passado tantos dias! Será que os Magos Bestais o mataram? Coloquei o primeiro calçado que vi aos pés da cama, ajeitei meus cabelos em frente ao espelho e fui até a passagem do quarto. Respirei fundo, aquele era o momento de saber se era novamente uma prisioneira. Cenas da minha vida no Condado das Águas invadiam e partiam infinitamente, como ondas do mar na cabeça. Porém, não tinha espaço para medo! Pisei no corredor, olhei para os lados e não havia ninguém. Estávamos em baixo da terra, o corredor era um túnel claramente escavado.
Sentia meus passos pesados, como naqueles sonhos que precisamos correr, mas algo nos segura, nos pesa. Estava muito escuro, contudo uma claridade à frente indicava uma saída. Quando finalmente cheguei na abertura da qual saía luz, não acreditei no que via! Um imenso salão, com muitas pessoas andando para todos os cantos. Labaredas de fogo saindo de cantos específicos da parede iluminavam o lugar. Algumas mesas gigantescas estavam ocupadas com diversas pessoas, todas envolvidas em suas conversas ou alimentação. Crianças corriam por todos os lados, idosos caminhavam com cestas de alimentos, enquanto outras pessoas pareciam ter tarefas muito importantes, pela velocidade com que caminhavam. O cenário me lembrava uma imensa nave espacial, com refugiados de alguma guerra apocalíptica.
- Finalmente saiu do quarto, menina! - exclamou Sole, sorridente, surgindo ao meu lado e me tocando com sua mão fria. Dei um salto.
- Sole, mais alguém além de mim foi trazido para cá naquele dia?
- Não - respondeu, franzindo a testa com curiosidade.
- E-eu p-preciso ajudar uma pessoa! - gaguejei, com medo de que Liuk estivesse morto - e-e-ele ficou sozinho! - gritei, aos prantos.
- Se acalme, menina, você está ficando pálida! O que houve?
Ela tentou me segurar pelas mãos, mas eu me atirei no grande salão e comecei a correr sem rumo, tentando encontrar uma saída, não distinguia nada, só vultos, luzes e o meu enjoo. Tudo começou a girar. Precisava me manter em pé, mas só pensava em Liuk, nas diversas possíveis mortes que sofrera, no quanto fui errada em não pensar nele antes. Eu precisava ajudá-lo! Ele tinha de estar bem! Alguém tão bom não poderia morrer assim e por minha causa! Ah, se ele não tivesse vindo atrás de mim, estaria bem! Ele não merecia!
Sole tentou me alcançar, mas não conseguiu. De repente, o formigamento voltou para o meu corpo, novamente não conseguia dominar meus movimentos. Senti que perdia os movimentos, mas antes de tocar ao chão, alguém me segurou com firmeza e me ergueu no ar. Abri os olhos e vi seu rosto próximo ao meu, os olhos mais lindos e assustadores que jamais tinha visto antes. Tentei empurrá-lo, mas tudo ficou escuro.
Voltei a acordar com Liugh e Sole conversando ao lado da minha cama. Fechei os olhos e fingi que ainda estava dormindo para ouvi-los. Talvez eu pudesse ter mais pistas do que aquele homem sabia.
- Então ela é mesmo um deles? - indagou Sole.
- Sim... eu pressinto a energia dela. - respondeu ele - do contrário, não poderia salvá-la.
- Será que ela sabe?
- Duvido, não consegue nem controlar as necessidades básicas do próprio corpo. - e continuou em outro tom - você já pode abrir os olhos, eu sei que acordou!
Abri meus olhos, ambos estavam olhando diretamente para mim.
- Ainda está se recuperando, menina! Por que correu daquela forma? - indagou a serva.
- Eu lembrei do meu amigo! - disse, me reerguendo de sobressalto na cama. Olhei para o chão procurando os calçados - Ele também estava sendo caçado! Preciso ajudar!
- Não havia outra pessoa além de você e aqueles quatro Bestais. - respondeu Liugh, me encarando fixamente. Senti meu rosto ficar vermelho, o olhar dele me deixava nervosa - Quem era esse amigo?
- Ele me ajudou a fugir do Condado das Águas. Estava me acompanhando até os Nômades da Terra.
- Bem... agora é tarde. Se a encontrei muito fraca, ele certamente não teve a mesma sorte. Onze dias depois não teria como ainda estar vivo a sua espera, não é? - disse, sem nenhum tipo de sentimento. Eu o encarei com raiva, queria dizer algo que o deixasse enfurecido também, mas não surgiu nada na minha mente - se quiser encontrar o corpo dele depois, eu mesmo
a levo para a floresta. Agora descanse, antes que mate a si mesma sem minha ajuda. Concluiu, dando as costas para mim e saindo do quarto com tranquilidade. Fiquei gaguejando alguma tentativa de retrucar, mas não saía nada. Estava sem ideias do que responder e surpresa com tudo. Sole me deu uma bebida com um gosto estranho, amargo. Logo senti meu corpo leve e fechei os olhos sem poder recusar o repouso, enquanto ela permaneceu cantando alguma música ao meu lado.
- Descanse, menina. Além de Liugh, você é outra que está me dando trabalho, ficarei aqui para cuidá-la. Ouviu o menino, assim que estiver melhor, ele vai ajudá-la a procurar seu amigo.
- Ele vai mesmo?
- Se ele prometeu, cumprirá.
Continua no próximo sábado…
| Miriam Coelho |


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