Naigaron
Capitulo I
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Capitulo II
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Capitulo III
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Capítulo IV
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Capítulo V
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Capítulo VI - Um encontro com o passado - parte 1
Os dias estavam passando rapidamente e eu, estranhamente, me sentia confortável com eles. Sole era paciente e muito amorosa comigo, me sentia como uma filha sendo mimada. Aos poucos, percebi que eu não era a única a ser tratada daquela forma. Ela falava de Liugh, meu inimigo, como um filho e dividia as atenções entre nós dois o tempo todo. Depois do incidente no salão principal, ele não voltamos a nos encontrar, porém ela sempre me avisava quando ia levar alimento para ele ou ver como estava.
“Vocês implicam tanto um com o outro, que parecem irmãos”, disse Sole, naquela manhã em que eu finalmente me vestia com roupas mais adequadas para interagir com as demais pessoas da caverna.
Saí a caminhar pelo grande salão sem rumo, sem conhecer ninguém, mas na esperança de fazer alguma amizade. Falhei miseravelmente, não tinha jeito para conhecer pessoas daquela forma. Vendo algumas crianças disputarem quem seria o líder da brincadeira, me veio a ideia!
E se eu e Liugh nos tornássemos amigos, praticamente irmãos? Sole era nosso ponto de partida. Se ele me visse como alguém da família, eu estaria salva! Mesmo que ele descobrisse quem eu era, ainda não teria coragem de me matar. Provavelmente me levaria para os Nômades da Terra e eu encontraria, novamente, meu pai.
Um nó surgiu na minha garganta. Lembrei que não tivemos a chance de nos entender como pai e filha. Meu medo de nunca mais vê-lo era forte, naquele momento. Precisava encontrar uma forma de me aproximar do meu maior inimigo e torná-lo um aliado.
Lembrei-me de Liuk. No início, eu o rejeitava. Porém, passei a fazer parte dos seus dias para provocar ciúmes em Eduardo. Depois que fugi do Condado das Águas, Liuk foi atrás de mim, nos tornamos ainda mais próximos. Passei a vê-lo como um amigo de verdade, praticamente um irmão, mesmo sabendo dos seus sentimentos por mim. Entendi! A convivência aumentava a simpatia. Eu precisava encontrar Liugh com mais frequência!
Já era noite, quando Sole voltou a me encontrar na mesa de refeições da comunidade. Eu a observava me procurar em meio a multidão. Como poderia pedir para ver Liugh?
- Lau, essa roupa combinou com você, menina! - disse ela, sentando ao meu lado na mesa enquanto eu terminava minha sopa. Odeio sopa, mas era o que tinha para comer naquele lugar. - Mas está ficando muito magra! Tem de comer mais! - e pegou minha tigela para servir mais sopa. Repunei só de olhar.
- Onde está seu filho? - Indaguei, brincando.
- Se fosse meu filho, eu brigaria mais! - disse ela, incomodada. Certamente tiveram alguma discussão - É muito teimoso! Há dias que está preso na biblioteca, sem se alimentar como deve.
- Tem uma biblioteca aqui? - indaguei num salto, com meu olhar brilhando de emoção. Como poderia ser mais perfeito? Eu precisava continuar minhas pesquisas sobre Naigaron, precisava me distrais e também me aproximar de Liug - Posso ir lá, Sole? Eu adoro ler! Estive tão preocupada, esses dias... seria perfeito me distrair na biblioteca!
- Não havia pensando em levar livros para você, menina. - disse, se recriminando - É uma boa ideia! Mas vocês dois juntos... eu não sei se seria uma boa ideia.
- Eu prometo que vou apenas para pesquisar! - implorei, pegando suas mãos - não vamos brigar!
- Hummm... - ela suspirou, me olhando - depois de comer a sopa, te levo lá. Ele já deve ter ido para o quarto. Podemos combinar esse horário hoje, pelo menos até avisar ele de que você pretende ir à biblioteca também. - Ela se aproximou e disse cochichando - Por hora, vou levá-la em segredo!
- Combinado! - Não era exatamente o que eu queria, porém ainda valeria a pena ir na biblioteca do Condado Oculto. Certamente eu poderia encontrar livros que não estavam disponíveis em outros lugares do planeta.
Bebi minha sopa com alegria. Assim que terminei, Sole me pegou pela mão e seguimos por uma passagem no lado oposto da entrada do meu quarto no salão. Subimos por uma escadaria muito estreita, até chegar em uma parede. Sole a empurrou, era uma porta giratória que escondia a passagem. Entramos em um corredor maior, feito de pedras. Era mais frio que o salão, algumas listras de água escorriam pelas paredes, se infiltrando em cantos que eu não identificava. Certamente havia água por perto.
Caminhamos até uma porta de madeira pesada. Sole a abriu e lá dentro estava um salão gigantesco, a biblioteca. Era maior que a do Condado das Águas. As paredes e o chão eram feitos de barro. As estantes também. Mesas e cadeiras esculpidas em barro tomavam o centro dela.
- Vou procurar Liugh! - disse a serva - Fique aqui, menina. Não saia por nada! Se ouvir alguém entrando, se esconda e só apareça até ter certeza de que sou eu.
- Por que Liugh não pode saber que estou aqui?
- Porque preciso falar com ele antes. Mas eu sei que você é uma boa menina, então esse será o nosso segredo.
Sole sorriu e saiu logo em seguida, me deixando enfeitiçada por tantas opções de leitura. Vários símbolos diferentes estavam gravados nas estantes de barro. Passei meus dedos por alguns deles, curiosa. Havia aprendido o alfabeto das escritas de Naigaron quando ainda estava no Condado das Águas. Meu tio me ensinou outros do povo Nômade, porém nunca tinha visto aqueles. Eram próprios do Condado Oculto, certamente. Suspirei, esperava que os livros não estivessem escritos naquela língua.
Peguei um aleatoriamente e para a minha alegria estavam escritos com os símbolos que eu conhecia. Guardei e comecei a procurar algum título que me chamasse a atenção.
Algum tempo se passou até encontrei algo que dizia “O Condado das Águas”. Me chamou a atenção pela capa, o formato antigo e grosso. Nunca vira algo assim na biblioteca do Condado das Águas. Peguei o livro, caminhei rapidamente até a última estante, me abaixei no chão de modo que se alguém entrasse, não pudesse me ver e o abri.
As primeiras páginas me surpreenderam, falava do Condado antes da grande guerra que separou o povo mágico dos não mágicos! Falava da minha família!
Continua no próximo sábado…
Miriam Coelho |
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