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Capítulo VII - Um encontro com o passado
- parte 7
Acordei enquanto ele me colocava na cama. Fiquei irritada, porém não entendia exatamente o que me incomodava naquele momento. Bufei, depois de abrir os olhos e já ia me levantando, quando ele me segurou por um dos meus braços e falou comigo como se eu fosse uma criança.
- Você precisa descansar!
- Não quero! - ralhei, desafiando-o.
- Acredita que consegue me enfrentar, agora que sabe que tem algum poder? - Ele riu, enquanto puxava uma cadeira para sentar ao meu lado.
- Eu gosto que mandem em mim! - rosnei.
- Então aprenda a ser menos teimosa e se cuidar! Sole precisa sempre lembrar de trazer comida. Eu sempre tenho de ajudá-la, quando se descontrola... estou achando que a Grande Fey está com problemas mentais, por achar que uma menina infantil como você e sem nenhum conhecimento de mundo irá me ajudar. - disse em tom de deboche, me encarando como se me desafiasse. Sole entrou no quarto com mais uma tigela de mingau.
- Ajudar você a destruir o planeta? - ralhei, me erguendo de joelhos na cama e me aproximando - Mesmo que eu fosse poderosa, jamais!
- Lau, não fale assim com Liugh! - Exclamou Sole, se colocando entre nós. O semblante dele ficou sério, enquanto eu permaneci com minha expressão desafiadora. Não importava o quanto ele fosse bom comigo em alguns momentos, o gênio severo dele e as suas intenções me incomodavam profundamente. Naquele dia eu sentia ainda mais falta dos meus pais. Por que não foram eles a me mostrarem a minha magia? Eles não fizeram parte de nenhum pedaço da minha vida! Desde o meu nascimento, me tornei uma eterna errante, andando entre os mundos, sobrevivendo às pessoas ou fugindo delas. E naquele momento estava nas mãos do homem que queria acabar com meu mundo, meus pais, minha vida. E por quê? Qual era o motivo de tudo aquilo.
- Se vira com essa daí! - ele resmungou, se levantando da cadeira e saindo do quarto a passos pesados e rosto fechado.
- Lau, por que falou daquela forma com ele? Liugh cuida bem de todos nós e tem lhe ajudado! - disse Sole, me repreendendo.
- Ué, não é a verdade? Ele não quer destruir o mundo todo? E aquele poder do mal que ele tem? Não é para isso mesmo? Eu não estou sendo treinada para ajudá-lo? Está sempre com aquela cara amarrada, achando que todos devem temê-lo porque a qualquer momento pode sugar nossas vidas...
- Lau, chega! Não vamos mais conversar sobre isso, você está falando sem pensar.
- Não, Sole, deixe ela falar! - disse ele, ressurgindo no quarto, foi então que percebi que ele nunca foi embora, estava atrás da parede escutando tudo. Meu corpo se amoleceu, sentei na cama com uma expressão que nem eu mesma poderia descrever, pois ia de surpresa a decepção - Vamos, fale mais o que realmente pensa!
Fiquei em silêncio, pois fui da fúria direto para a tristeza. Eu podia ver nos olhos dele que as minhas palavras o machucaram. Eu estava confusa todos esses dias. Estava um turbilhão de sentimentos que eu mesma não conseguia definir. Nos últimos minutos estava dominada pela raiva e pela saudade, foi então que percebi que acima de tudo eu sentia raiva de mim mesma por gostar da companhia de Liugh e não conseguir odiá-lo ou temê-lo. Naquele momento, eu sentia a dor dele. Sem poder algum, talvez eu o tivesse machucado.
- Ficou muda por que tem medo que eu a mate com meu poder assustador? - ele indagou, rispidamente.
- Liugh...
- Chega, Sole! - ele interrompeu a serva - Saia do quarto.
- Eu queria...
- Saia. - Ele repetiu e ela obedeceu. Grande parte da minha alma foi junto com ela naquele momento.
Levantei da cama e tentei correr atrás dela. Infantilmente acreditei que pudesse ser mais rápida que ele. Não sei o que pensei. Ele me segurou pela cintura com apenas um braço, me ergueu até o ombro e saiu me carregando. Tentei me soltar, mas foi inútil. Sole apenas olhava com surpresa, porém não esboçou nenhuma outra atitude. Gritei para me soltar e perguntei para onde estava me levando, porém ele não falou mais nada. Várias ideias passaram pela minha cabeça enquanto ele atravessava o grande salão e seguia pelo corredor. Estranhamente tive medo de que me mandasse embora naquele mesmo momento. Não me sentia pronta para retomar minha jornada. Não tinha mais nem ideia do mapa que decorei antes de sair do acampamento dos Nômades das Águas. Seguimos por um caminho diferente. Era a saída?
Chegamos em uma porta estreita, próxima à biblioteca, ele a abriu e entramos em um quarto. Ele me colocou no chão. Olhei para ele, visualizei rapidamente o entorno e tentei, novamente de forma infantil, correr para a porta. Ele se colocou contra ela, impedindo que eu pudesse abrir ou passar. Fiquei com muito medo. Meu coração disparava pela boca. Meu estômago parecia querer me engolir viva. O olhar dele para mim só pioravam meus sintomas.
- Q-que lugar é esse? - gaguejei por causa dos tremores do meu corpo.
- Esse é o meu quarto. Você falou de mim como se me conhecesse. Trouxe aqui para que pudesse falar, da próxima vez, com mais propriedade.
Ele chaveou a porta, segurou a chave na mão e passou por mim em direção ao outro lado, atirando-se na cama como se fosse dormir. Fechou os olhos, suspirou e ficou em silêncio, enquanto eu permanecia em pé, no meio do quarto, sem entender o que deveria fazer ou como fugir. Olhei o espaço com mais atenção. Haviam textos escritos em papel colados pela parede. Uma cadeira com uma mesa, carregada de livros e mais papéis avulsos se localizava em frente a cama. Sobre a cadeira, havia um acento acolchoado afundado, dando a entender que ele tinha o hábito de sentar lá por horas. Ao meu lado havia dois baús, certamente com roupas. Ao lado da cama, de um lado havia outra cadeira com uma estante repleta de livros, do outro havia uma mesa com um jarro e copo de água.
- Vai ficar parada em pé?
- O-o-o que eu tenho de fazer? - perguntei, percebendo que meu corpo ainda tremia.
Ele ergueu a cabeça com uma expressão de curiosidade e divertimento. Esboçou um sorriso, enquanto se levantava da cama e vinha em minha direção. Caminhei de costas até a porta, à medida que ele se aproximava mais.
- A raiva passou? Agora está com medo que eu use meu poder cruel? - Ele se aproximou tanto de mim, que perdi o controle e comecei a gritar enquanto forçava a maçaneta da porta. A tremedeira aumentou ainda mais, assim como os demais sintomas, me deixando completamente fora de mim. Aquele era o seu joguinho cruel antes de me matar?
- Vai me matar então me mata logo?
- E se eu quiser me divertir antes de acabar com você? - ele perguntou, ainda rindo. Aquilo tudo me deixou ainda mais nervosa.
Me agachei em posição fetal para tentar me controlar, o que mais me torturava era o medo eterno que tinha dele descobrir quem eu era. Todas as noites e todas as manhãs acordava com esse receio, sempre controlando o que dissera no dia anterior para não me contradizer no dia seguinte. Estava farta!
- Eu sou Laura! - gritei, me levantando novamente - Eu sou a filha dos Líderes do Condado das Águas! Eu nunca estive na prisão do Conselho Geral, eu nunca fui serva da Casa Principal do Condado das Águas! Cheguei lá, trazida da Terra, pelos Conselheiros, para me casar e ficar sobre os cuidados deles! Eu era noiva do filho dos Dirigentes do Condado dos Ventos! Ele está morto porque me ajudou na minha fuga. Sou eu a garota da profecia, ouviu? Desconfiou tanto de mim! Sou eu! - despejei, como se vomitasse o que estava entalado na minha garganta.
- Eu sei... - ele respondeu, me encarando com sua expressão profunda. Meu coração ainda disparava.
Continua no próximo sábado…
| Miriam Coelho |
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